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Só 3 dos 66 PMs mortos no ano estavam em serviço

Maior em 7 anos, total de policiais de folga assassinados supera até o de 2006, ano de ataques do PCC

DE SÃO PAULO
DO “AGORA”

Policiais de folga são as principais vítimas de criminosos que tentam intimidar agentes de segurança do Estado de São Paulo. Dos 66 PMs que estavam na ativa e foram mortos neste ano -até anteontem-, 63 estavam fora do horário de serviço.

O número de PMs de folga mortos é o maior dos últimos sete anos. Supera até mesmo o ano de 2006, quando, até o final de outubro, 61 foram assassinados.

Naquele ano, a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) orquestrou rebeliões nos presídios paulistas e ataques contra policiais militares.

Na relação das vítimas que estavam de folga neste ano estão dois tipos de policiais.

Um é aquele que fazia bico de segurança, como o soldado Hélio Miguel Gomes de Barros, 36, morto anteontem com 15 tiros num posto de combustíveis de Taboão da Serra, Grande São Paulo.

O outro é o do policial que estava realmente de folga. Foi o caso do sargento Marcelo Fukuhara, 45, fuzilado enquanto passeava com seu cão, no domingo, em Santos.

As informações detalhadas sobre policiais mortos neste ano foram obtidas pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação.

Os dados do Comando da Polícia Militar mostram ainda que 17 policiais já aposentados foram assassinados, o que eleva o número de PMs mortos para 83.

NOVA FRENTE

O fato de os policiais inativos se tornarem alvo é uma das novas frentes de ação da facção, conforme a polícia.

Para especialistas, há dois fatores que facilitam a ação dos assassinos. Um é que, na folga, o PM costuma estar sozinho e sem colete à prova de balas. O outro é que ele fica menos atento a ataques.

Segundo a reportagem apurou com quatro comandantes de batalhões da PM da Grande São Paulo, outro fator que favorece o ataque aos policiais de folga são supostos pagamentos de recompensas por parte do PCC ou o abatimento de dívidas.

Em um dos casos investigados, o assassino de um policial obteve o perdão do débito de R$ 50 mil com a facção.

Para o analista criminal Guaracy Mingardi, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, há fortes indícios de que as mortes dos PMs tenham sido uma retaliação do crime organizado.

O comandante da PM, Roberval França, disse que essa é só uma das hipóteses investigadas. No ano, conforme França, 147 suspeitos de atacarem PMs foram identificados; destes, 102 foram presos e 17, mortos. (AFONSO BENITES, ROGÉRIO PAGNAN E JOSMAR JOZINO)

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