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Morte de traficante motivou ataques a PMs

Chefe da facção encarregado de distribuir drogas na Grande São Paulo foi morto pela Rota em janeiro deste ano

Carta interceptada em maio listava os seis policiais do grupo de elite envolvidos no caso e mandava matar PMs

AFONSO BENITES
ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO
JOSMAR JOZINO
DO “AGORA”

Investigações do Ministério Público e da Polícia Civil apontam relação entre a série de assassinatos de policiais militares em São Paulo e a morte de um dos chefes da facção criminosa PCC em janeiro deste ano em São Bernardo do Campo, no ABC.

O criminoso morto foi Paulo Sérgio Gonçalves, 33, conhecido como Olívia Palito, em um suposto confronto com policiais da Rota (tropa de elite da PM). Conforme documentos obtidos pela Folha, ele era um dos responsáveis por um centro de distribuição de drogas da facção.

As investigações do Ministério Público e da Polícia Civil mostram que a ordem para o assassinato dos "botas", como os criminosos chamam os policiais militares, partiu de um preso chamado Roberto Soriano, o Betinho Tiriça.

CARTA

Uma carta escrita por ele foi interceptada, em maio, por um agente penitenciário no momento em que ele lançava o documento do raio 3 para o raio 4 da penitenciária 2 de Presidente Venceslau.

O destinatário do recado era o preso conhecido como Judeu e tido como um dos responsáveis pelas finanças da organização criminosa.

Na carta, conforme a reportagem apurou com advogados, promotores e policiais, Betinho Tiriça cita o nome de seis PMs da Rota que participaram da ação que resultou na morte de Olívia Palito e pede para que os criminosos matem esses militares.

Até ontem, nenhum desses policiais tinha sido assassinado. O documento também falava que outros PMs, sem citar nomes, deveriam ser mortos. Desde o período em que a ordem foi dada, em maio, até ontem, 50 PMs da ativa e da reserva tinham sido assassinados. Ao todo, neste ano, 83 foram mortos.

Cópias dessa carta constam de processos judicial e administrativo contra o preso Soriano, ambos sigilosos.

Um exame grafotécnico comprovou que foi ele quem escreveu o recado. Após a constatação, o preso foi enviado ao presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes e submetido ao regime disciplinar diferenciado, a "tranca-dura". Lá, o detento fica isolado em uma cela durante 22 horas por dia.

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