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Dia de balada multiplica lixo nas ruas de bairro boêmio Um dia do fim de semana espalha até dez vezes o volume coletado em dia útil Copos, maços e bitucas de cigarro, guardanapos de papel e garrafas são os principais lixos deixados por baladeiros
DE SÃO PAULO Balada boa, rua suja. O que era percepção geral do morador de ruas lotadas de bares e boates agora está comprovado. Um único dia de balada pode juntar dez vezes o volume de lixo de um dia útil. É verdade que festa em casa também junta muito lixo. Mas ele não é jogado no chão. Vai para o cesto, organizado, às vezes separado para reciclagem. Nos bairros boêmios, como a Vila Madalena, o problema é o lixo que os baladeiros jogam em ruas e calçadas. "O principal é copo, bituca de cigarro, guardanapo de papel, maço de cigarro e garrafa long neck. Tem pouco alumínio, porque os catadores recolhem as latinhas", explica Anrafael Vargas, diretor da Inova, empresa que desde dezembro cuida da limpeza urbana na região noroeste. A Inova fez o levantamento do lixo nos dias de balada a pedido da Folha. Escolheu cinco ruas na Vila Madalena e Pinheiros para demonstrar o problema, que não é exclusivo da região. Na rua Augusta, por exemplo, a situação é a mesma, se não for pior. A rua Wisard, na Vila Madalena, que abriga uma infinidade de bares frequentados por jovens de classe média, é a campeã da sujeira na região (veja quadro na página C9). Na semana em que o levantamento foi feito, a Inova contou que 75% dos sacos usados para recolher o lixo das ruas foi para o material varrido no fim de semana -domingo e segunda-feira, resultados das baladas de sábado e domingo, respectivamente. "A rua Wisard é uma exceção. Ali ficam os botequinhos vendendo cerveja até para adolescente. Não são bares estruturados", afirma Flavio Pires, presidente da Ageac (Associação de Gastronomia, Entretenimento, Arte e Cultura da Vila Madalena). Ele diz que os estabelecimentos associados à entidade têm, além de coleta particular do lixo gerado pelo local, uma exigência da legislação municipal, lixeira na porta, local para colocar bituca e, logo que fecham, varrem a calçada e a guia. "O Quitandinha vai limpando a cada meia hora, recolhendo lixo, bituca de cigarro. Você passa lá na segunda de manhã, está tudo limpo", diz presidente da Ageac e dono do bar Quitandinha. Cassio Calazans, presidente da Savima (Sociedade Amigos da Vila Madalena), vai direto ao ponto. "Nosso povo é meio sem educação mesmo". Calazans também diz que a maioria dos bares da Vila Madalena tem lixeira e local para bitucas de cigarro. Mas isso não resolve nada, afirma. "Depois do segundo ou terceiro gole, o pessoal não tem mais bom-senso. Não pode fumar dentro do bar, o pessoal fica na calçada, joga bituca, papel, maço de cigarro no chão. O bar tem bituqueira, cesto de lixo e, mesmo assim, o pessoal joga no chão." Pires diz que o problema também é de fiscalização. "A prefeitura só fiscaliza os bares estruturados, onde ela pode cobrar multa, pode lacrar, pode receber alguma coisa." A Inova prepara campanha de conscientização com moradores e frequentadores de bares na Vila Madalena. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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