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Na Espanha, balada na rua é batalha perdida

É um problema a resolver, afirma a prefeita de Madri

MARÍA MARTÍN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Há 21 anos que as autoridades da província de Cáceres, na Espanha, decidiram adiantar o fechamento dos bares da capital. A medida caiu como um balde de água fria entre os mais jovens, que resolveram, então, trocar os bares pelas praças públicas.

A prática logo se espalhou pelo país, criando um fenômeno chamado de "botellón" (garrafão). Jovens se reúnem em praças e ruas movimentadas, próximas às baladas, para jogar conversa fora e, é claro, beber, beber muito.

Resultado: sujeira, barulho e consumo desenfreado de álcool. Juntos, esses ingredientes começaram a preocupar a sociedade espanhola.

Em 2002, tentou-se uma lei que limitasse a prática. Não houve acordo. Cada comunidade autônoma (semelhante aos Estados no Brasil) criou suas leis. Madri foi a primeira a ter ampla e rígida lei.

O consumo de álcool foi proibido nas ruas. Horários e locais de venda foram limitados. Após as 22h, comprar uma garrafa de vinho é quase uma missão impossível.

Aí veio a crise econômica. E ela empurrou os não tão jovens também para beber nas ruas. Um lazer mais econômico, argumentam -um drinque na balada madrilena não custa menos que R$ 20.

Em 2011, a prefeitura passou a multar o barulho gerado pelos "botellones". Mesmo assim, a luta contra um costume, considerado tipicamente espanhol pelo resto da Europa, é uma batalha perdida, admitem as autoridades.

"Temos um problema para resolver", lamenta Ana Botella, prefeita de Madri. Em julho, a cidade elevou o valor das multas por consumo de álcool nas ruas para até 600 euros (R$ 1.550) -na reincidência, chega a R$ 2.850.

Ainda assim, é comum ver multidões bebendo nas praças, principalmente nos finais de semana. De 16 de julho, quando vigorou a lei, até 10 de setembro, a prefeitura aplicou 4.095 multas.

Há três anos, o "botellón" ganhou "reforço": chineses e bangladeshianos comandando o comércio clandestino de bebidas alcoólicas e oferecendo lata de cerveja pela metade do preço dos bares.

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