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Atirador fere três pessoas e fica 9h sob o cerco da polícia

Administrador de 33 anos se trancou com arsenal em casa na Aclimação

Esquizofrênico, homem reagiu à chegada de um grupo que tinha ordem judicial para interná-lo a pedido de familiares

DE SÃO PAULO

Um administrador de empresas de 33 anos baleou três pessoas, se trancou em casa com um arsenal que incluía pistola, espingarda e facas e, por quase nove horas, foi cercado pela polícia até se render, no bairro da Aclimação, zona sul de São Paulo.

A série de crimes cometidos por Fernando César de Gouveia começou por volta das 8h10, quando um advogado, um oficial de Justiça e três auxiliares de enfermagem foram até a casa em que ele vivia com um mandado para sua interdição judicial.

A ordem era para recolhê-lo e levá-lo a uma clínica, onde passaria por uma avaliação psiquiátrica. Laudos médicos apresentados pelos advogados da família mostravam que ele é esquizofrênico e que precisava ser tratado.

O grupo apresentou o mandado para a psicóloga Sílvia Helena Gondim, 45, dona da casa, com quem Gouveia morava havia cerca de dois meses. Segundo a PM, ela passou a gritar dizendo que a ordem era falsa e que ninguém levaria Gouveia embora.

Foi quando o administrador, aparentando estar em um surto psicótico, foi até a porta e desferiu vários tiros contra o grupo utilizando uma pistola automática.

O primeiro a ser atingido foi o oficial Marcelo Barros, 49, com um tiro no peito. Na sequência, o auxiliar de enfermagem Márcio Teles, 27, foi baleado no ombro.

Enquanto atirava, Gouveia usava a psicóloga Sílvia como escudo, conforme a polícia. Um dos disparos a atingiu de raspão no pescoço.

No momento dos disparos, ao menos dez pessoas passavam pela rua Castro Alves, onde fica a casa, e houve correria. "Um monte de gente quis correr para a minha oficina. Fiquei desesperado", disse o mecânico Hidday da Costa Barros, 69, vizinho.

Os PMs foram recebidos a tiros de espingarda calibre 12. Nesse momento, só Gouveia estava no imóvel. Os feridos foram levados ao Hospital do Servidor Público Municipal e não correm risco de morte.

Os policiais pediram reforço. Um negociador e um psicólogo da PM chegaram e iniciaram a conversa com o atirador. Contaram com a ajuda da mãe e de uma irmã dele.

Outros 40 PMs participaram da ação, com o apoio de um helicóptero. As negociações só terminaram por volta das 17h10, quando o administrador, que estava ferido na cabeça e na perna pelos estilhaços dos tiros, se entregou.

"Ele não fez nenhuma exigência. Mostramos para ele que a melhor saída era se entregar. Quando se sentiu seguro, saiu", disse o tenente-coronel Marcelo Pignatari, que comandou a ação.

(AFONSO BENITES E JULIA BOARINI)

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