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Trabalho reduz chance de preso reincidir, diz pesquisa

Probabilidade de detento que tem ocupação na cadeia voltar à criminalidade é 48% menor que de desocupados

DENISE MENCHEN
DO RIO

A análise de informações relativas a mais de 50 mil detentos que passaram por cadeias do Rio ao longo de dez anos mostrou que aqueles que trabalham durante o cumprimento da pena têm chances de reincidência 48% menores do que os demais.

Já para os que estudam, essa probabilidade é 39% inferior do que entre os que não estudam. Apesar disso, os percentuais de presos que estudam ou trabalham no cárcere são baixos no Brasil. No Rio, em 2008, eram de 16,4% e 7,3%, respectivamente.

Realizada por Elionaldo Fernandes Julião, doutor em sociologia, a pesquisa vem suprir parte da carência de informações existente hoje no sistema penitenciário.

A própria Secretaria de Administração Penitenciária do Rio, Estado onde foi feito o estudo, não tem estatísticas sobre o retorno de ex-detentos às unidades prisionais.

Para a pesquisa, Julião compilou e analisou dados da Vara de Execuções Penais referentes aos apenados de 1996 a 2006. Foram considerados reincidentes os detentos que, após cumprirem pena, voltaram à prisão em um período de até cinco anos.

"Meu objetivo era verificar se o estudo e o trabalho têm impacto na reinserção social, e a pesquisa mostrou que sim", afirma Julião.

O professor e especialistas ouvidos pela Folha, porém, ponderam que não é possível dizer taxativamente que a ocupação tenha papel central na não reincidência.

Isso porque o estudo e o trabalho podem estar atraindo pessoas que já têm menor envolvimento com a criminalidade e/ou maior disposição para se integrar à sociedade.

"Muitas pessoas podem ter buscado o estudo ou o trabalho porque já tinham tomado a decisão de não reincidir e queriam dar um sinal para a família", explica Julião.

O doutor em sociologia Anderson Moraes de Castro e Silva ressalta que, como as vagas para estudo e trabalho no sistema são escassas, os escolhidos para preenchê-las podem ter características que já facilitariam sua reinserção, como, nível de escolaridade maior do que os demais.

ATRIBUIÇÕES

Os dois criticam a oferta e o perfil das vagas, consideradas insuficientes e inadequadas para preparar os detentos para a vida em liberdade.

Muitas das funções exercidas por presos são na manutenção dos presídios. Conhecidos como "faxinas", eles ajudam na limpeza das unidades, no preparo de alimentos e na área administrativa.

Há casos em que empresas montam cursos profissionalizantes e pequenas indústrias nas penitenciárias.

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