São Paulo, sexta, 1 de janeiro de 1999 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice NOVA MOEDA Especialistas vêem vantagens "EUA podem ter benefício com o euro"
MARCELO DIEGO de Nova York Em meio à expectativa de que o euro será um rival para o dólar, especialistas financeiros ouvidos pela Folha afirmaram que a implantação da nova moeda pode beneficiar a economia e expandir o comércio dos Estados Unidos. O megainvestidor George Soros informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que "ter uma moeda comum é benéfico, como exemplos recentes nos têm mostrado. O euro pode evitar o problema de flutuação de divisas no continente. A longo prazo, será impossível ter mercados comerciais sem a adoção de moedas comuns. Entretanto, ter uma moeda única sem uma política fiscal conjunta e harmônica na coleta de impostos pode se tornar uma tarefa impossível". Para o analista David Malpass, da Bear Sterns, o euro irá proporcionar crescimento e novas oportunidades. "Os italianos poderão ter a mesma taxa de juros praticada na Alemanha, oferecendo novas oportunidades de investimento, até agora não muito atrativas, para os estrangeiros", afirmou. O analista acredita que até o Brasil poderá tirar proveito das relações comerciais com a Europa e não crê em saída de investidores das Bolsas brasileiras, correndo para o novo mercado comum. Mas adverte: "O Brasil vai enfrentar um momento crucial no primeiro trimestre e precisará ter força para não desvalorizar sua moeda e se manter atraente". Ele previu que 99 será marcado pela competição de preços e de qualidade entre os países europeus, acarretando uma provável diminuição na margem de lucros nas empresas (inclusive as norte-americanas que têm negócios com os países-membros). Para Malpass, a adoção do euro não implicará uma padronização de preços. "O valor de um mesmo produto é diferente em Nova York e na Virgínia, por exemplo. Isso vai acontecer também na Europa." Para Sara Wardell Smiths, da Wells Fargo & Co, o dólar americano continuará sendo a moeda de crédito mundial. Para ela, a maior preocupação dos novos países deve ser reduzir a taxa de desemprego, em torno de 11% hoje. Segundo ela, os Estados Unidos -e outros países- terão um grande mercado consumidor, de 290 milhões de pessoas, para vender seus produtos (o mercado interno americano é de 265 milhões de pessoas). Para Abby Joseph Cohen, da Goldman & Sachs, a economia dos Estados Unidos deve ser beneficiada. "Se a economia européia se expandir, todas as companhias norte-americanas com negócios lá serão beneficiadas", disse. "É preciso ter em mente que os Estados Unidos têm superávit comercial com a Europa e que as barreiras comerciais tendem a ser derrubadas. Isso vai permitir uma competitividade ainda maior." Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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