São Paulo, quinta-feira, 01 de fevereiro de 2007

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Investimento da indústria cresce em 2006, diz pesquisa

Serasa indica que setor investiu 7,6% do faturamento, ante 5,7% em 2005

Indústrias iniciam ano com otimismo moderado, sem ver muitos obstáculos para expansão, mas sem grandes expectativas de crescimento


MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

As grandes indústrias elevaram os investimentos em 2006. Mas, a despeito do aumento, o setor começa 2007 com "otimismo moderado". Não vê grandes obstáculos para sua expansão, tampouco tem expectativas de crescimento acelerado neste ano. Os empresários do setor estão com estoques ajustados e, portanto, aumento das vendas deve ser seguido por altas de produção.
O retrato dos resultados industriais de 2006 e do ânimo do setor no início de 2007 foi desenhado por três pesquisas divulgadas ontem. Não são diretamente comparáveis -cada uma tem sua metodologia e "conversa" com grupos diferentes de industriais. Mas os resultados são compatíveis com o que espera a maior parte de analistas: que o Brasil não crescerá mais que 4% no ano.
Levantamento da Serasa, obtido com exclusividade pela Folha, mostra que até setembro do ano passado grandes empresas do setor industrial investiram, em média, 7,6% do faturamento. A proporção é superior à de 2005, de 5,7%, e bem superior à de 2003, de 4,3%. São cerca de 1.700 companhias, que, juntas, investiram aproximadamente R$ 32 bilhões. O estudo, que analisa os balanços das empresas, não inclui a Petrobras, que, sozinha, investiu R$ 11 bilhões.
A pesquisa exclui a depreciação. Ou seja, são investimentos que aumentam a produtividade ou expandem a capacidade das empresas. Já as 8.300 pequenas e médias indústrias pesquisadas investiram 4,1% do faturamento, quase a mesma proporção dos últimos anos.
Márcio Torres, gerente de análise de crédito da Serasa, diz que a tendência é que o ritmo de investimentos tenha se mantido no último trimestre. "Esse crescimento é um termômetro importante porque diz respeito à expectativa do empresário", diz ele, para quem a alta dos investimentos é sinal de "confiança na economia". Confiança, ressalva, que gera um "otimismo moderado".
Outra pesquisa, esta da FGV (Fundação Getulio Vargas), mostra que a indústria de transformação está mais otimista do que em 2006. Retrata a opinião e os planos de 1.050 indústrias. No mês passado, 65% delas não viam limitações para a expansão da produção, a maior proporção desde que há registro da pesquisa, em 1978.

Ânimo
A Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, da FGV, mede o ânimo dos empresários por meio de índice que varia em torno de 100. Valores maiores que 100 indicam mais respostas favoráveis, o contrário acontecendo com valores menores que 100.
No mês passado, os empresários estavam menos otimistas em relação à situação atual de seus negócios do que em dezembro. Mas 2007 começou melhor do que 2006. Em relação a janeiro do ano passado, o índice subiu 9,4%.
As previsões da indústria também retratam um setor mais otimista que em 2006. O índice de expectativas subiu 8,7% em relação a janeiro de 2006. Mas não são resultados que indicam "um crescimento exuberante", alerta Aloisio Campelo, coordenador da Sondagem. "Entramos em velocidade de cruzeiro numa taxa moderada de crescimento."

Sondagem da CNI
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) também divulgou ontem os resultados de Sondagem que ouviu 189 grandes e 1.137 pequenas e médias empresas no último trimestre de 2006. No caso da CNI, não há mudanças no indicador de expectativas. Mas a pesquisa traça retrato que pode explicar o "otimismo moderado" visto tanto por Campelo, da FGV, quanto por Torres, da Serasa.
No quarto trimestre, diz a CNI, tanto os indicadores de produção quanto os de faturamento foram positivos. Os de faturamento e produção sobem há três trimestres para as grandes empresas. As pequenas e médias também registraram aumentos, o que não ocorria nos trimestres anteriores.
A indústria parece ter acertado a mão em seus planos de final de ano. Os estoques recuaram no quarto trimestre, ajustando-se ao nível planejado, o que não acontecia desde o terceiro trimestre de 2004.


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