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Investimento da indústria cresce em 2006, diz pesquisa
Serasa indica que setor investiu 7,6% do faturamento, ante 5,7% em 2005
Indústrias iniciam ano com otimismo moderado, sem ver muitos obstáculos para
expansão, mas sem grandes expectativas de crescimento
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
As grandes indústrias elevaram os investimentos em 2006.
Mas, a despeito do aumento, o
setor começa 2007 com "otimismo moderado". Não vê
grandes obstáculos para sua expansão, tampouco tem expectativas de crescimento acelerado neste ano. Os empresários
do setor estão com estoques
ajustados e, portanto, aumento
das vendas deve ser seguido por
altas de produção.
O retrato dos resultados industriais de 2006 e do ânimo do
setor no início de 2007 foi desenhado por três pesquisas divulgadas ontem. Não são diretamente comparáveis -cada
uma tem sua metodologia e
"conversa" com grupos diferentes de industriais. Mas os
resultados são compatíveis
com o que espera a maior parte
de analistas: que o Brasil não
crescerá mais que 4% no ano.
Levantamento da Serasa, obtido com exclusividade pela
Folha, mostra que até setembro do ano passado grandes
empresas do setor industrial
investiram, em média, 7,6% do
faturamento. A proporção é superior à de 2005, de 5,7%, e
bem superior à de 2003, de
4,3%. São cerca de 1.700 companhias, que, juntas, investiram aproximadamente R$ 32
bilhões. O estudo, que analisa
os balanços das empresas, não
inclui a Petrobras, que, sozinha, investiu R$ 11 bilhões.
A pesquisa exclui a depreciação. Ou seja, são investimentos
que aumentam a produtividade
ou expandem a capacidade das
empresas. Já as 8.300 pequenas e médias indústrias pesquisadas investiram 4,1% do faturamento, quase a mesma proporção dos últimos anos.
Márcio Torres, gerente de
análise de crédito da Serasa, diz
que a tendência é que o ritmo
de investimentos tenha se
mantido no último trimestre.
"Esse crescimento é um termômetro importante porque diz
respeito à expectativa do empresário", diz ele, para quem a
alta dos investimentos é sinal
de "confiança na economia".
Confiança, ressalva, que gera
um "otimismo moderado".
Outra pesquisa, esta da FGV
(Fundação Getulio Vargas),
mostra que a indústria de
transformação está mais otimista do que em 2006. Retrata
a opinião e os planos de 1.050
indústrias. No mês passado,
65% delas não viam limitações
para a expansão da produção, a
maior proporção desde que há
registro da pesquisa, em 1978.
Ânimo
A Sondagem Conjuntural da
Indústria de Transformação,
da FGV, mede o ânimo dos empresários por meio de índice
que varia em torno de 100. Valores maiores que 100 indicam
mais respostas favoráveis, o
contrário acontecendo com valores menores que 100.
No mês passado, os empresários estavam menos otimistas
em relação à situação atual de
seus negócios do que em dezembro. Mas 2007 começou
melhor do que 2006. Em relação a janeiro do ano passado, o
índice subiu 9,4%.
As previsões da indústria
também retratam um setor
mais otimista que em 2006. O
índice de expectativas subiu
8,7% em relação a janeiro de
2006. Mas não são resultados
que indicam "um crescimento
exuberante", alerta Aloisio
Campelo, coordenador da Sondagem. "Entramos em velocidade de cruzeiro numa taxa
moderada de crescimento."
Sondagem da CNI
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) também divulgou ontem os resultados de
Sondagem que ouviu 189 grandes e 1.137 pequenas e médias
empresas no último trimestre
de 2006. No caso da CNI, não
há mudanças no indicador de
expectativas. Mas a pesquisa
traça retrato que pode explicar
o "otimismo moderado" visto
tanto por Campelo, da FGV,
quanto por Torres, da Serasa.
No quarto trimestre, diz a
CNI, tanto os indicadores de
produção quanto os de faturamento foram positivos. Os de
faturamento e produção sobem
há três trimestres para as grandes empresas. As pequenas e
médias também registraram
aumentos, o que não ocorria
nos trimestres anteriores.
A indústria parece ter acertado a mão em seus planos de final de ano. Os estoques recuaram no quarto trimestre, ajustando-se ao nível planejado, o
que não acontecia desde o terceiro trimestre de 2004.
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