São Paulo, domingo, 01 de fevereiro de 2009

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GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Construção perde mais de 100 mil vagas no país no último bimestre

O emprego no setor de construção civil no Brasil caiu 4% em dezembro em relação a novembro. No Estado de São Paulo, a queda foi de 2,62%, segundo o SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo).
Foram fechadas no país mais de 87 mil vagas, ante cerca de 25 mil em dezembro de 2007. Em São Paulo, foram 15.940 postos a menos. Nos últimos dois meses do ano foram extintas 109.086 vagas de construção no país. O ano de 2008 fechou com 2.084.957 postos no Brasil e 592.408 em São Paulo.
O baque no emprego superou o esperado no último bimestre, segundo Sergio Watanabe, presidente do SindusCon-SP. A crise atingiu o setor com um corte maior que a queda sazonal comum no fim de todos os anos pelas férias e pelas chuvas.
Em dezembro, todas as regiões do país tiveram queda no nível de emprego da construção (veja o gráfico). As regiões Norte e Centro-Oeste foram as que sofreram quedas mais acentuadas, de 7,5% e 7,49%, respectivamente. No Sul, 8.889 trabalhadores foram dispensados, com redução de 2,99% no nível de emprego. No Sudeste, a queda foi de 3,68%, com a dispensa de 44.703 pessoas.
Dos 87,4 mil postos de trabalhos perdidos em dezembro no Brasil, 25% foram provocados por outras razões diferentes da sazonalidade, segundo levantamento mensal do SindusCon-SP e da FGV Projetos, com base nos dados do Caged/MTE.
A crise é responsável, diz Watanabe. "Parte da queda foi a crise, que chegou na construção fazendo com que empresas suspendessem obras e, portanto, postos de trabalho."
No Estado de São Paulo, o efeito não-sazonal foi um pouco maior em dezembro. Segundo a entidade, 37% das demissões na construção paulista ocorreram por motivos diversos da sazonalidade.
As demissões superaram as contratações em todas as regiões do Estado, com destaque para Sorocaba, que dispensou 2.372 pessoas no mês (-3,55%). Na capital paulista, o recuo do índice em dezembro foi de 1,71%, com 4.957 cortados.
A expectativa da entidade no fim do ano era que o impacto da crise no curto prazo no emprego formal fosse limitado, pois o ciclo de produção longo poderia garantir as atividades aquecidas até o fim do primeiro semestre de 2009. Mas os resultados de novembro já indicavam redução acima do normal.
A construção civil brasileira ainda conseguiu fechar 2008 com aumento percentual médio acumulado de 17,36% no nível de emprego. Na comparação entre os meses de dezembro de 2008 e de 2007, o setor também fechou com saldo positivo de 250 mil trabalhadores, alta de 13,64% no número de vagas. Mas, segundo Watanabe, a manutenção do crescimento do setor agora está condicionada ao início de novas obras.

ROUBINI NO BRASIL
O economista Nouriel Roubini, que ficou conhecido como "Mr. Apocalipse" por ser um dos únicos a prever a atual crise ainda em 2006, virá a SP nos dias 21 e 22 de maio. Ele fará a abertura do Credit and Marketing Vision 2009, maior evento sobre crédito e marketing mundial, promovido pela Serasa Experian pela primeira vez no Brasil. Também participarão Anatole Kaletsky, do "Times", e Bill Tancer, da Hitwise.

NOVO INDICADOR
Os preços dos produtos comercializados na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) subiram 4,57% em 2008. O número é resultado de um novo indicador de variação de preços no atacado que a Ceagesp acaba de lançar e que, a partir de agora, será divulgado no primeiro dia de cada mês. O cálculo envolve uma cesta de 105 de itens de frutas, legumes, verduras, pescados e diversos. No ano passado, mais de 3,85 milhões de toneladas de hortícolas passaram pela Ceagesp, segundo Rubens Boffino, presidente do órgão, que afirma que o índice será mais preciso para medir o peso dos alimentos na inflação do que os disponíveis no mercado, pois abrange mais de cem itens.

PAMPAS
O Sindvel (sindicato das indústrias do vale da eletrônica de Minas Gerais) acaba de abrir seu primeiro escritório internacional, em Montevidéu, no Uruguai. A expectativa é que a nova unidade gere US$ 2 milhões em negócios nos próximos 11 meses. A iniciativa faz parte de um projeto de expansão do parque industrial, que inclui cerca de 130 empresas, para a abertura de novas agências. Os próximos destinos são Chile, México, Hong Kong e EUA -no Vale do Silício, na Califórnia.

RETORNÁVEIS
O Wal-Mart Brasil vendeu e doou 1 milhão de sacolas retornáveis de maio a dezembro. Além da venda do produto na rede, 75 mil unidades foram doadas a funcionários. Um projeto piloto no Nordeste dá desconto nas compras de quem substitui a tradicional embalagem de supermercado pela retornável. De 1º de dezembro a 20 de janeiro, foram R$ 35 mil em descontos e 1,1 milhão de sacolas plásticas evitadas. O que a rede pagaria pela sacola plástica não usada vira crédito ao cliente.

TECIDO
As vendas do segmento de cama, mesa e banho na região da 25 de Março, em São Paulo, caíram 20% em janeiro ante dezembro, segundo o Sindicato do Comércio Atacadista de Tecidos de São Paulo. A região tem um comportamento diferente das outras partes da cidade, segundo Arinos de Almeida Barros, presidente do sindicato. Em toda a São Paulo, a redução das vendas ficou em torno de 25%.

REPOSIÇÃO
A Sofape, maior fabricante de filtros automotivos da América Latina, está investindo R$ 1,2 milhão no lançamento da nova linha do produto da marca Tecfil, líder no segmento de reposição. A empresa está otimista com o novo produto porque, mesmo com a economia retraída por conta da crise internacional, o mercado de reposição vai manter os negócios, diz Ricardo Pessoa, diretor comercial da Sofape.

Com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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