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Governo diz que proposta não invalida plano para regulação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Antônio Henrique Silveira, considerou a proposta da indústria de cartões de
propor uma autorregulamentação uma "iniciativa unilateral
do setor" que não invalida as
discussões em andamento no
governo para definir as novas
regras do setor.
A secretaria forma com o
Banco Central e a SDE (Secretaria de Direito Econômico), do
Ministério da Justiça, o grupo
de trabalho criado pelo governo, em 2006, para estudar e
propor mudanças ao modelo de
funcionamento da indústria de
cartões, que, naquele momento, já estava concentrada entre
dois grupos (Cielo, ex-Visanet,
e Redecard) cujo sistema de
atuação impedia a entrada de
novos concorrentes.
Silveira não quis analisar os
detalhes da proposta, mas fez
questão de deixar claro que ela
não representa um consenso
do grupo com o setor.
"A Seae [Secretaria de Acompanhamento Econômico] não
vai endossar nada. Não haverá
um parecer nosso sobre o tema.
O governo não deve interferir
se uma indústria quer se autorregular. Mas isso não é a conclusão do processo de discussão em andamento", afirmou.
"Nosso trabalho continua."
Segundo a Folha apurou
com outros técnicos que analisaram o documento da Abecs,
ele foi considerado uma lista de
intenção, e não um conjunto de
propostas práticas para modernização do setor.
Um ponto criticado é a falta
de prazos, critérios e dispositivos que devem ser implementados para a efetivação das propostas. Ainda segundo esses
técnicos, o documento não trata da separação da atividade do
credenciamento (processo que
ocorre entre lojistas e as empresas responsáveis pelas transações comerciais, que alugam
as máquinas) da prestação de
serviço de rede. Também não
dá garantias de que outros
agentes possam entrar no mercado oferecendo somente um
dos dois serviços.
Com isso, o modelo proposto
tornaria difícil o cumprimento
de tratamento não discriminatório entre os participantes.
Além disso, os técnicos destacam que a indústria não menciona instrumentos para garantir que diferentes credenciadores e emissores de cartões
(bancos) terão acesso às redes
de diferentes prestadores de
serviços de forma transparente, isonômica e impessoal.
Em vez de somente tornar
transparente para o governo a
taxa de intercâmbio, que inclui
custos de vários elos da cadeia,
a indústria poderia determinar
como ela deve ser composta.
Foi considerado ainda que há
um excesso de comitês e comissões para solucionar conflitos internos da indústria e que
há risco de esse modelo aumentar o contato entre as empresas envolvidas nesse negócio, abrindo espaço para que
ocorra troca de informações
estratégicas e prejudicando o
bom funcionamento do setor.
Os técnicos também criticam o fato de a Abecs propor a
criação de uma câmara de compensação num prazo de três
anos sem citar, em nenhum
momento no documento, a
possibilidade de uso da já existente Câmara Interbancária de
Pagamentos. Isso, para o governo, dificulta a entrada de
novos agentes enquanto a câmara não estiver funcionando.
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