São Paulo, segunda-feira, 01 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

No livro, ex-secretário se defende e relata até gafe de Sarah Palin

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

Caso o governo americano não tivesse socorrido os bancos de Wall Street, o desemprego teria atingido a marca dos 25%, afirmou o ex-secretário do Tesouro Henry Paulson em entrevista à rede de TV CBS.
A entrevista fez parte da campanha de lançamento do livro "On the Brink", em que ele defende as operações de socorro e conta sua versão dos momentos cruciais da ação do governo durante a explosão da crise, em setembro de 2008.
Paulson classifica a taxa atual de desemprego, de 10%, como "o melhor resultado possível". A criação de vagas está hoje no topo da agenda doméstica do presidente Barack Obama, que viu sua popularidade cair à medida que a taxa avançava para um patamar de dois dígitos.
"Acredito que, se o sistema tivesse entrado em colapso, nós poderíamos facilmente ter visto uma taxa de desemprego de 25%. Penso que nós estivemos muito, muito perto disso", afirmou. Paulson elogia a atuação do governo Obama, mas avalia que é necessário um sistema regulatório melhor.
No livro, Paulson conta que manteve contato diversas vezes por telefone com o então senador Obama, candidato da oposição à Presidência, e diz ter ficado impressionado com ele. O mesmo entusiasmo não se repete quando narra o encontro com o republicano John McCain. Segundo Paulson, ele tinha pouco a dizer após ouvir a descrição das ações tomadas pelo governo George W. Bush.
Mas, na lista de desafetos políticos, a ex-governadora do Alasca, Sarah Palin, ganha menção especial. Logo ao iniciar a ligação, ela chamou o ex-secretário de Hank (seu apelido), em vez de Henry, antes mesmo de se conhecerem. Ele diz ter se sentido desconfortável e afirma ter dúvidas de que ela tivesse compreendido a situação do sistema financeiro.
O livro dedica poucas páginas à carreira de Paulson em Wall Street, onde comandou o Goldman Sachs. Em compensação, conta como o relacionamento com a mulher, Wendy, o ajudou a lidar com a crise.
No período em que o Lehman Brothers se encaminhava para a falência, ele ligou para ela reconhecendo que estava com medo da situação. "Todo mundo está procurando por mim e eu não tenho a resposta." A mulher responde que ele não deveria ter medo. "Seu trabalho é refletir a mente infinita de Deus e você pode confiar Nele."


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Davos termina dividido sobre regulação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.