São Paulo, quinta-feira, 01 de março de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

4 ANOS DE LULA / "NA LANTERNA"

Expansão fica na metade do ritmo mundial

Desde as turbulências do governo Collor, país não estava tão atrás na corrida por crescimento em relação aos demais países

Desempenho na gestão Lula foi aquém do esperado mesmo com a melhor conjuntura econômica em mais de 20 anos no país


GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Desde o breve e turbulento governo Collor, quando a produção nacional encolheu, o país não ficava tão atrás na corrida mundial do crescimento econômico como nos quatro anos do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Sob o governo petista, a renda brasileira se elevou a um ritmo pouco superior à metade da expansão da prosperidade global.
A proporção, mais precisamente de 54%, representa o segundo pior resultado do período pós-redemocratização.
A constatação pode parecer paradoxal porque Lula obteve a melhor combinação de resultados econômicos desses mais de 20 anos -inflação sob controle, elevados superávits comerciais e dívida pública em queda, para citar três indicadores que nenhum outro presidente pôde comemorar em pelo menos cinco décadas de estatísticas confiáveis.
Na comparação mais óbvia, o tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) passou por crises externas, oscilações inflacionárias, déficits recordes na balança comercial, disparadas do dólar, dos juros e da dívida pública. Ainda assim, naqueles oito anos, o Brasil acompanhava mais de perto o crescimento do resto do planeta: a taxa média do país equivalia a 64% da mundial.

Discrepância
Não há explicação consensual para a discrepância, mas dificilmente será possível responsabilizar a política econômica -mantida inalterada do segundo mandato de FHC para o primeiro de Lula, com metas de inflação, câmbio flutuante e ajuste fiscal baseado em aumento de impostos.
Os dados mostram que Lula governou na melhor conjuntura internacional da história recente. Juros baixos, dinheiro farto, alta dos preços dos produtos primários de exportação, expansão dos Estados Unidos e desempenho excepcional da China produziram um crescimento do PIB global de 4,8% ao ano, em média, entre 2003 e 2006. Números assim haviam sido vistos pela última vez no início dos anos 70.
Se permitiu ao país debelar crises e turbulências que monopolizavam as atenções da política econômica, o cenário internacional excepcionalmente favorável acabou explicitando problemas como a carência de investimentos públicos e privados, a incapacidade do governo de conter seus gastos, os maus resultados da educação -entre outras explicações para o crescimento econômico medíocre.
A média anual de crescimento econômico do governo Lula, de 2,6%, é exatamente a mesma na qual o país se arrasta desde o encerramento do período autoritário e sua herança de esqueletos econômicos -a dívida externa e a inflação, ambas, se não resolvidas em definitivo, ao menos equacionadas hoje.
Desde então, só José Sarney (1985-1990) presidiu um mandato inteiro de crescimento acima da expansão mundial. Seus números, porém, devem-se aos efeitos de planos heterodoxos que desaguaram na disparada da inflação -só em 1986, no Plano Cruzado, o país cresceu 7,5%.
O descontrole monetário custou a recessão do período Fernando Collor (1990-92), da qual o país só saiu nos dois anos em que Itamar Franco completou o mandato do presidente afastado. A partir daí, a fatia do país no bolo do PIB mundial se mantém até hoje.


Texto Anterior: Primeira gestão Lula tem carga fiscal recorde
Próximo Texto: Supermercados começam ano com vendas 6,62% maiores
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.