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4 ANOS DE LULA / "NA LANTERNA"
Expansão fica na metade do ritmo mundial
Desde as turbulências do governo Collor, país não estava tão atrás na corrida por crescimento em relação aos demais países
Desempenho na gestão Lula foi aquém do esperado mesmo com a melhor conjuntura econômica em mais de 20 anos no país
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Desde o breve e turbulento
governo Collor, quando a produção nacional encolheu, o país
não ficava tão atrás na corrida
mundial do crescimento econômico como nos quatro anos
do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Sob o governo petista, a renda brasileira se elevou a um ritmo pouco superior à metade da
expansão da prosperidade global.
A proporção, mais precisamente de 54%, representa o segundo pior resultado do período
pós-redemocratização.
A constatação pode parecer
paradoxal porque Lula obteve a
melhor combinação de resultados econômicos desses mais de
20 anos -inflação sob controle,
elevados superávits comerciais
e dívida pública em queda, para
citar três indicadores que nenhum outro presidente pôde
comemorar em pelo menos
cinco décadas de estatísticas
confiáveis.
Na comparação mais óbvia, o
tucano Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002) passou
por crises externas, oscilações
inflacionárias, déficits recordes
na balança comercial, disparadas do dólar, dos juros e da dívida pública. Ainda assim, naqueles oito anos, o Brasil acompanhava mais de perto o crescimento do resto do planeta: a taxa média do país equivalia a
64% da mundial.
Discrepância
Não há explicação consensual para a discrepância, mas
dificilmente será possível responsabilizar a política econômica -mantida inalterada do
segundo mandato de FHC para
o primeiro de Lula, com metas
de inflação, câmbio flutuante e
ajuste fiscal baseado em aumento de impostos.
Os dados mostram que Lula
governou na melhor conjuntura internacional da história recente. Juros baixos, dinheiro
farto, alta dos preços dos produtos primários de exportação,
expansão dos Estados Unidos e
desempenho excepcional da
China produziram um crescimento do PIB global de 4,8% ao
ano, em média, entre 2003 e
2006. Números assim haviam
sido vistos pela última vez no
início dos anos 70.
Se permitiu ao país debelar
crises e turbulências que monopolizavam as atenções da política econômica, o cenário internacional excepcionalmente
favorável acabou explicitando
problemas como a carência de
investimentos públicos e privados, a incapacidade do governo
de conter seus gastos, os maus
resultados da educação -entre
outras explicações para o crescimento econômico medíocre.
A média anual de crescimento econômico do governo Lula,
de 2,6%, é exatamente a mesma
na qual o país se arrasta desde o
encerramento do período autoritário e sua herança de esqueletos econômicos -a dívida externa e a inflação, ambas, se não
resolvidas em definitivo, ao
menos equacionadas hoje.
Desde então, só José Sarney
(1985-1990) presidiu um mandato inteiro de crescimento
acima da expansão mundial.
Seus números, porém, devem-se aos efeitos de planos heterodoxos que desaguaram na disparada da inflação -só em
1986, no Plano Cruzado, o país
cresceu 7,5%.
O descontrole monetário
custou a recessão do período
Fernando Collor (1990-92), da
qual o país só saiu nos dois anos
em que Itamar Franco completou o mandato do presidente
afastado. A partir daí, a fatia do
país no bolo do PIB mundial se
mantém até hoje.
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