São Paulo, quinta-feira, 01 de março de 2007

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Economistas vêem resultado "decepcionante"

JANAÍNA LEITE
MARCELO BILLI

DA REPORTAGEM LOCAL

O diretor da Goldman Sachs para América Latina, Paulo Leme, afirmou ontem que a expansão de 2,9% do PIB registrada no ano passado "é um resultado decepcionante em relação à conjuntura externa e ao potencial do país, especialmente diante da melhora do balanço de pagamentos e do controle da inflação".
Para ele, o governo Lula contou com o cenário externo a seu favor. Também acertou ao manter o tripé da política econômica: metas de inflação, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal.
"Durante a gestão Palocci houve medidas importantes para a recuperação de crédito e do consumo", disse.
Quanto aos erros, Leme apontou a falta de conclusão do ajuste fiscal. "Isso permitiu o aumento da estrutura dos gastos sociais, que são financiados com a tributação. A economia não pode ficar impassível diante disso."
Na opinião de Leme, para que a economia deslanche, é preciso combinar uma série de alterações tributárias, incrementar o comércio internacional, priorizar a qualidade do ensino (principalmente o secundário), apostar na desburocratização e adotar marcos regulatórios claros.
O presidente do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), Luiz Schymura, ponderou que o país não se afastou muito da taxa de crescimento médio que vem obtendo nos últimos 20 anos, cerca de 2,4% ao ano.
O que frustra, lembrou Schymura, é a comparação com outros países. "Leste Europeu e Europa Central cresceram 5,4% ao ano, em média; os países em desenvolvimento da Ásia cresceram em média 6,3% anuais, e os países da América do Sul, Central e Caribe, exclusive Brasil, cresceram 4,4% ao ano", completou.
O economista Samuel Pessoa, também da Fundação Getulio Vargas, classificou o PIB de 2006 como "medíocre". Mas fez uma ressalva:
"Não avalio que o crescimento medíocre foi conseqüência de erros de política, mas fruto do contrato social vigente", afirmou.


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