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4 ANOS DE LULA / VISÃO DO GOVERNO
Lula se queixa de previsões erradas
Equipe econômica, que ontem destacou ritmo maior no fim do ano, prometeu taxas acima de 4% em 2006
Dentro do Planalto, juros praticados pelo BC foram apontados mais uma vez como principal vilão para
o crescimento modesto
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O discurso oficial do governo
Lula ontem ao comentar o
crescimento de 2,9% do PIB em
2006 foi que, apesar de "modesto" e "abaixo do desejado", o
resultado trouxe dados positivos, como o aumento de 6,3%
dos investimentos, apontando
para uma expansão da economia neste ano acima dos 4%.
Internamente, porém, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo se dizendo "otimista", queixou-se de que, no ano
passado, sua equipe econômica
chegou a prometer uma taxa
superior a 4%.
Dentro do Palácio do Planalto, os juros praticados pelo
Banco Central mais uma vez foram apontados como principal
responsável pelo baixo crescimento observado no ano passado. O argumento mais usado é
que o BC poderia ter acelerado
mais a queda dos juros, já que a
inflação de 2006 (3,14% pelo
IPCA) ficou bem abaixo do centro da meta, de 4,5%.
Os juros mais altos atraíram
dólares ao país e promoveram
uma valorização do real, prejudicando setores da indústria
brasileira e aumentando as importações. A defesa do BC é que
foi essa política que permitiu a
queda da inflação, carro-chefe
da reeleição do presidente Lula
no ano passado.
As queixas, no entanto, ficaram restritas aos comentários
internos. O governo preferiu
adotar um discurso otimista
diante dos dados positivos registrados no últimos trimestre
do ano passado.
"O resultado, modesto, foi
aquém do que gostaríamos e do
que o país precisa, mas sinaliza
que teremos neste ano um
crescimento parecido com o de
2004, quando crescemos
4,9%", disse o ministro Paulo
Bernardo (Planejamento).
Lula foi informado logo cedo
por Paulo Bernardo sobre os
números finais do PIB no ano
passado. Ele destacou principalmente a alta de 6,3% nos investimentos no ano passado, o
que deve permitir um crescimento maior em 2007 sem
pressões inflacionárias.
Inflação controlada
Ou seja, como as empresas
investiram mais no ano passado, a capacidade de produção
subiu para atender a uma aceleração no crescimento do consumo sem necessidade de grandes aumentos de preços. A expectativa do governo é que o
consumo das famílias, que subiu 3,8% em 2006, mantenha o
ritmo de alta neste ano.
Para o ministro Guido Mantega (Fazenda), o resultado do
PIB foi influenciado pela queda
nos juros, processo iniciado em
setembro de 2005.
"Já estamos começando a colher o fruto dessa redução", disse Mantega. Segundo ele, o PIB
de 2006 só não foi maior devido
aos problemas enfrentados pelo setor agrícola e pela alta taxa
de juros.
Mantega avalia que o fato de
o PIB ter crescido a um ritmo
mais acelerado no último trimestre do ano, 1,1% na comparação com o trimestre anterior
e cerca de 4,5% no resultado
anualizado, mostra que 2007
começa com um ritmo de crescimento elevado.
"Isso significa que, neste momento, a economia está crescendo a 4,4%, o que sinaliza o
ritmo de 2007. Nós vamos tentar manter esse ritmo", afirmou o ministro.
Já o presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles,
foi lacônico ao comentar o desempenho da economia no ano
passado. "Ficou dentro das expectativas", disse. Até meados
do ano passado, porém, o BC
projetava um crescimento de
4% do PIB em 2006.
Mantega destacou ainda o
aumento de investimentos. "Isso significa que a economia está
crescendo e aumentando a capacidade de produção", disse.
O ministro ficou ainda satisfeito com o superávit primário
de janeiro, que foi de R$ 13,457
bilhões -maior economia para
o primeiro mês do ano desde o
início da série histórica, em
1991. Para ele, o número mostra que o governo irá conseguir
investir mais neste ano sem
abrir mão do controle fiscal.
Colaboraram LEANDRA PERES, da
Sucursal de Brasília, e ANA PAULA RIBEIRO,
da Folha Online, em Brasília
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