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Aperto fiscal aumenta e chega a 4,79% do PIB
Resultado em janeiro é recorde; meta é economizar 4,25% do PIB em 2007
Governo, por meio do PAC, quer reduzir superávit neste ano para elevar
investimento; relação dívida/PIB recua para 49,7%
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Passado o ano eleitoral de
2006, o aperto fiscal do setor
público voltou a bater recorde.
Em janeiro, União, Estados,
municípios e estatais economizaram R$ 13,457 bilhões para
pagar juros de suas dívidas. Foi
o maior valor já registrado num
mês de janeiro desde que o
Banco Central começou a calcular essa estatística, em 1991.
Com isso, o resultado acumulado nos 12 meses encerrados em janeiro voltou a se distanciar da meta do governo: no
período, o superávit primário
somou R$ 100,535 bilhões, valor que equivale a 4,79% do
PIB. O objetivo é fazer essa proporção ficar em 4,25%.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o resultado recorde
de janeiro é, em parte, reflexo
do aumento da arrecadação de
tributos por parte do governo
federal. Números do Tesouro
mostram que as receitas do governo cresceram 14,3% sobre
janeiro de 2006. No mesmo período, as despesas caíram 2,8%.
Além disso, o superávit primário acumulado pelos Estados foi o maior já registrado pelo BC. Lopes relaciona essa
maior economia ao início de
mandato de vários governadores, quando ocorreria uma "parada para arrumação" que reduziria, temporariamente, os
gastos de alguns Estados.
Em 2005, a distância entre as
metas fiscais e o superávit efetivamente alcançado foi motivo
de discussões entre a ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil) e o
então ministro Antonio Palocci
Filho (Fazenda). Dilma reclamava de uma suposta demora
da Fazenda em liberar recursos
para programas do governo.
Naquele ano, o superávit foi
de 4,83% do PIB, contra uma
meta de 4,25%. Com a demissão de Palocci e a proximidade
das eleições, a ordem, no governo, era reduzir essa "folga".
Por trás dessa disputa, está a
idéia de que maiores gastos do
governo podem ajudar a impulsionar a economia. Uma das
medidas previstas pelo PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento) é, justamente,
aumentar os investimentos públicos previstos pelo PPI (programa que permite excluir das
metas de superávit primário investimentos em certos projetos
de infra-estrutura).
Se todos os projetos do PPI
forem mesmo realizados, a meta para o superávit deste ano
cairia para 3,75% do PIB.
O aperto fiscal elevado de janeiro conseguiu cobrir quase
todos os R$ 13,927 bilhões de
juros que incidiram sobre a dívida pública no período. O superávit primário também contribuiu para reduzir a proporção entre essa dívida e o PIB.
No final de janeiro, o endividamento líquido do setor público somava R$ 1,068 trilhão
-49,7% do PIB. Essa proporção era de 50% em dezembro.
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