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Menem quer financiar compra brasileira
RODRIGO BERTOLOTTO
de Buenos Aires
O Banco Central da Argentina
quer conceder financiamento para
os importadores brasileiros comprarem produtos do país vizinho.
A proposta seria apresentada hoje em Brasília por uma comitiva liderada por Roque Fernández, ministro da Economia do presidente
Carlos Menem.
Fernández cancelou a viagem
ontem à noite após ter sido comunicado que o ministro da Fazenda,
Pedro Malan, não o poderia receber por estar resfriado.
O objetivo da proposta é contornar as restrições que o governo
brasileiro impôs ao financiamento
de curto prazo das importações.
Antes de pensar nessa saída, o
maior parceiro do Brasil no Mercosul tentou ser tratado como exceção. O Brasil, no entanto, não se
mostrou receptivo à idéia.
Segundo a Argentina, o financiamento a importadores de outros
países está previsto na Aladi (Associação Latino-Americana de Integração), organismo de promoção do comércio regional.
``A Argentina vai resolver no
Mercosul as diferenças com o Brasil. Não vamos buscar os EUA para
nos queixar das medidas'', disse o
vice-chanceler, Andrés Cisneros,
que integraria a comitiva.
O vice-chanceler se reuniu anteontem com o presidente da UIA
(União Industrial Argentina), Jorge Blanco Villegas, e pediu para
que os empresários amenizem as
críticas ao Brasil.
Na semana passada, quando o
Brasil anunciou a medida, empresários, principalmente do setor
alimentício e têxtil, sugeriram represália aos produtos brasileiros.
Ontem, o embaixador brasileiro
em Buenos Aires, Marcos Castrioto de Azambuja, se reuniu com o
chanceler argentino, Guido Di Tella, para explicar a lógica da restrição ao crédito de importações.
O comércio entre os dois países
cresceu seis vezes desde 1989. Em
1996, chegou a cerca de US$ 12 bilhões, com superávit argentino.
Estima-se que no ano passado a
Argentina tenha vendido US$ 6,8
bilhões ao Brasil, que exportou
US$ 5,3 bilhões ao país vizinho.
O Brasil compra 27,6% das exportações argentinas. A contenção
do crédito para a importação afetaria aproximadamente 60% dos
produtos exportados.
``O Brasil tem problemas na sua
balança que não poderiam continuar porque poderiam prejudicar
a região, principalmente a Argentina'', admitiu o vice-chanceler.
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