São Paulo, terça, 1 de abril de 1997.

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Menem quer financiar compra brasileira

RODRIGO BERTOLOTTO
de Buenos Aires

O Banco Central da Argentina quer conceder financiamento para os importadores brasileiros comprarem produtos do país vizinho.
A proposta seria apresentada hoje em Brasília por uma comitiva liderada por Roque Fernández, ministro da Economia do presidente Carlos Menem.
Fernández cancelou a viagem ontem à noite após ter sido comunicado que o ministro da Fazenda, Pedro Malan, não o poderia receber por estar resfriado.
O objetivo da proposta é contornar as restrições que o governo brasileiro impôs ao financiamento de curto prazo das importações.
Antes de pensar nessa saída, o maior parceiro do Brasil no Mercosul tentou ser tratado como exceção. O Brasil, no entanto, não se mostrou receptivo à idéia.
Segundo a Argentina, o financiamento a importadores de outros países está previsto na Aladi (Associação Latino-Americana de Integração), organismo de promoção do comércio regional.
``A Argentina vai resolver no Mercosul as diferenças com o Brasil. Não vamos buscar os EUA para nos queixar das medidas'', disse o vice-chanceler, Andrés Cisneros, que integraria a comitiva.
O vice-chanceler se reuniu anteontem com o presidente da UIA (União Industrial Argentina), Jorge Blanco Villegas, e pediu para que os empresários amenizem as críticas ao Brasil.
Na semana passada, quando o Brasil anunciou a medida, empresários, principalmente do setor alimentício e têxtil, sugeriram represália aos produtos brasileiros.
Ontem, o embaixador brasileiro em Buenos Aires, Marcos Castrioto de Azambuja, se reuniu com o chanceler argentino, Guido Di Tella, para explicar a lógica da restrição ao crédito de importações.
O comércio entre os dois países cresceu seis vezes desde 1989. Em 1996, chegou a cerca de US$ 12 bilhões, com superávit argentino.
Estima-se que no ano passado a Argentina tenha vendido US$ 6,8 bilhões ao Brasil, que exportou US$ 5,3 bilhões ao país vizinho.
O Brasil compra 27,6% das exportações argentinas. A contenção do crédito para a importação afetaria aproximadamente 60% dos produtos exportados.
``O Brasil tem problemas na sua balança que não poderiam continuar porque poderiam prejudicar a região, principalmente a Argentina'', admitiu o vice-chanceler.


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