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CONJUNTURA
Para Stanley Fischer, vice-diretor-gerente do Fundo, nova previsão é "boa" e medidas adotadas são "apropriadas"
FMI diz que inflação não preocupa e elogia BC
DE WASHINGTON
DO ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Pouco antes de tomar café da
manhã com o presidente Fernando Henrique Cardoso, ontem, em
Washington, o vice-diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário
Internacional), Stanley Fischer,
disse que não está preocupado
com a estimativa maior de inflação no Brasil e considerou "um
sucesso" o trabalho do presidente
do Banco Central, Armínio Fraga.
"Tenho enorme confiança no
Banco Central brasileiro e acho
que eles estão operando com
enorme sucesso. (As autoridades)
fizeram uma boa previsão (de inflação) e estão tomando as medidas apropriadas", disse Stanley
Fischer.
Na sexta-feira, o BC divulgou
relatório de inflação com a estimativa de que o IPCA em 2001 deve ficar em 4,8%, bem acima dos
3,9% previstos no relatório anterior, divulgado em dezembro.
Pressão
Segundo o relatório, a maior
fonte de pressão sobre a inflação é
o repasse da alta do dólar para os
preços. Além de mudar a previsão, o relatório do BC também revisou a estimativa de crescimento
do PIB, de 4,5% para 4,3%.
Alguns dias antes da divulgação
do relatório, o FMI havia divulgado um comunicado, assinado por
Stanley Fischer, sugerindo "cautela" (referindo-se à alta de juros)
ao Banco Central brasileiro, tendo
em vista o cenário externo (desaceleração da norte-americana,
impasse no Japão e a situação argentina).
Descontração
Antes da reunião, tentando demonstrar descontração, FHC posou para fotografias entre Fischer
e Horst Koehler, diretor-gerente
do FMI, e brincou ao ser questionado sobre a confiança de Fischer
no BC brasileiro: "Depois do que
o senhor Stanley Fischer falou, eu
não preciso falar mais nada".
Argentina
Horst Koehler e Stanley Fischer,
do FMI, esforçaram-se ontem para demonstrar que a crise econômica na Argentina tende a se reduzir e que não irá contagiar a
economia brasileira. Os dois, contudo, foram vagos ao dizer se haverá um novo pacote de ajuda do
FMI à Argentina.
Depois de participar do café da
manhã com o presidente FHC,
Koehler disse que o Brasil não deverá sofrer um contágio porque
"o ministro (da Economia argentina, Domingo Cavallo) trouxe
uma nova dinâmica política".
Koehler negou que exista conversas sobre um novo pacote de
ajuda do Fundo à Argentina, mas
Fischer foi menos enfático: "Todos estão esperando detalhes do
que o ministro está fazendo. Ele
obviamente tomará medidas
muito fortes. Só depois poderemos avaliar o que pode ser feito".
Os dois diretores do Fundo ressaltaram que as decisões que o
ministro Cavallo deverá tomar terão de ser duras, numa declaração
que pode ser interpretada como
uma insistência do FMI em convencer a Argentina a tomar medidas ainda mais impopulares do
que as esperadas.
Publicamente, o FMI defende o
regime cambial da Argentina. No
entanto, em conversas privadas
comenta-se que o país talvez não
tenha a disposição política para
pagar o preço do câmbio fixo.
Existe a clara percepção de que
Cavallo é a última chance de a Argentina solucionar sua crise econômica sem mudar a paridade
cambial.
Do café também participaram o
embaixador Murilo Portugal, representante do Brasil junto ao
FMI, e o principal negociador
brasileiro no momento, o embaixador José Alfredo Graça Lima,
subsecretário-geral para Assuntos Econômicos do Itamaraty.
Retorno
Ontem à tarde, o presidente Fernando Henrique Cardoso tinha
encontros agendados com o presidente da Alcoa, Alan Belda, e
com o presidente do BID (Banco
Interamericano de Desenvolvimento), Enrique Iglesias. A previsão é que FHC retorne ao Brasil
hoje. Deve embarcar às 11h (13h,
horário de Brasília), chegando à
noite à capital.
(MARCIO AITH e WILLIAM FRANÇA)
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