São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2004

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ENCRUZILHADA

Projeção do banco aponta que alta de preços superaria 5,5% no ano se a taxa Selic for reduzida no ritmo esperado

Juro baixo inviabiliza cumprir meta, diz BC

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Projeções feitas pelo Banco Central sinalizam que, se os juros básicos da economia forem reduzidos no ritmo esperado pelo mercado financeiro, a inflação deste ano e a de 2005 ficariam acima do centro das metas fixadas pelo governo. Ainda assim, o BC afirma que não se discute uma alteração nessas metas.
Atualmente, a taxa Selic -que remunera os empréstimos feitos entre o BC e os bancos- está em 16,25% anuais. Em um cenário em que os juros caiam para 14% até o final deste ano, a inflação ficaria em 6,2% -acima dos 5,5% previstos pela meta, embora dentro da margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais.
Caso a Selic seja reduzida a 12,6% até o final de 2005, a inflação do ano que vem seria de 5,4%, superior à meta de 4,5% estabelecida para o período.
Apesar disso, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Afonso Bevilaqua, disse ontem que uma eventual alteração das metas de inflação fixadas para o ano que vem "não está na agenda" do governo. "Não está em discussão nenhuma mudança na meta", afirmou Bevilaqua.
O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), propôs mudanças nas metas de inflação perseguidas pelo Banco Central. Entre outras alterações, a meta de 2005 passaria de 4,5% para 5,5%, mesmo valor estabelecido para este ano.
Na semana passada, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, chegou a dizer que considerava "legítima" a discussão em torno de uma eventual mudança nas metas.
Anteontem, ao participar de audiência pública no Senado, o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) não descartou totalmente alterações no sistema de metas de inflação. Para ele, "essas questões fazem parte do debate estrutural, de longo prazo, do Brasil".

Crescimento
Em tese, metas de inflação maiores permitiriam uma redução maior nos juros, o que, por sua vez, favoreceria o crescimento econômico. Nas contas do BC, a economia cresceria 3,7% se a Selic fosse reduzida a 14% ao ano até dezembro próximo. Já a manutenção em 16,5% permitiria um crescimento de 3,5%.
Bevilaqua disse que essas projeções não devem ser entendidas como uma sinalização sobre as intenções do BC em reduzir ou não os juros nos próximos meses. "São apenas hipóteses de trabalho", afirmou. As estimativas constam do Relatório de Inflação, documento divulgado a cada três meses pelo BC.
De acordo com o documento do Banco Central, uma das maiores fontes de pressão inflacionária são os preços administrados -tarifas públicas e combustíveis-, cujo aumento deve ficar entre 7,3% e 8,3% neste ano, dependendo do comportamento da taxa de câmbio.
O BC projeta um reajuste de 9,5% para a gasolina, 10% para o gás de cozinha, 6,9% para as tarifas de energia elétrica e 6,8% para a telefonia fixa.


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