|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ENCRUZILHADA
Projeção do banco aponta que alta de preços superaria 5,5% no ano se a taxa Selic for reduzida no ritmo esperado
Juro baixo inviabiliza cumprir meta, diz BC
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Projeções feitas pelo Banco
Central sinalizam que, se os juros
básicos da economia forem reduzidos no ritmo esperado pelo
mercado financeiro, a inflação
deste ano e a de 2005 ficariam acima do centro das metas fixadas
pelo governo. Ainda assim, o BC
afirma que não se discute uma alteração nessas metas.
Atualmente, a taxa Selic -que
remunera os empréstimos feitos
entre o BC e os bancos- está em
16,25% anuais. Em um cenário
em que os juros caiam para 14%
até o final deste ano, a inflação ficaria em 6,2% -acima dos 5,5%
previstos pela meta, embora dentro da margem de tolerância de
2,5 pontos percentuais.
Caso a Selic seja reduzida a
12,6% até o final de 2005, a inflação do ano que vem seria de 5,4%,
superior à meta de 4,5% estabelecida para o período.
Apesar disso, o diretor de Política Econômica do Banco Central,
Afonso Bevilaqua, disse ontem
que uma eventual alteração das
metas de inflação fixadas para o
ano que vem "não está na agenda" do governo. "Não está em discussão nenhuma mudança na
meta", afirmou Bevilaqua.
O líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante (PT-SP), propôs mudanças nas metas de inflação perseguidas pelo Banco Central. Entre outras alterações, a meta de 2005 passaria de 4,5% para
5,5%, mesmo valor estabelecido
para este ano.
Na semana passada, o presidente do Banco Central, Henrique
Meirelles, chegou a dizer que considerava "legítima" a discussão
em torno de uma eventual mudança nas metas.
Anteontem, ao participar de audiência pública no Senado, o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) não descartou totalmente
alterações no sistema de metas de
inflação. Para ele, "essas questões
fazem parte do debate estrutural,
de longo prazo, do Brasil".
Crescimento
Em tese, metas de inflação
maiores permitiriam uma redução maior nos juros, o que, por
sua vez, favoreceria o crescimento
econômico. Nas contas do BC, a
economia cresceria 3,7% se a Selic
fosse reduzida a 14% ao ano até
dezembro próximo. Já a manutenção em 16,5% permitiria um
crescimento de 3,5%.
Bevilaqua disse que essas projeções não devem ser entendidas
como uma sinalização sobre as
intenções do BC em reduzir ou
não os juros nos próximos meses.
"São apenas hipóteses de trabalho", afirmou. As estimativas
constam do Relatório de Inflação,
documento divulgado a cada três
meses pelo BC.
De acordo com o documento do
Banco Central, uma das maiores
fontes de pressão inflacionária
são os preços administrados
-tarifas públicas e combustíveis-, cujo aumento deve ficar
entre 7,3% e 8,3% neste ano, dependendo do comportamento da
taxa de câmbio.
O BC projeta um reajuste de
9,5% para a gasolina, 10% para o
gás de cozinha, 6,9% para as tarifas de energia elétrica e 6,8% para
a telefonia fixa.
Texto Anterior: Ranking: Bolsa de São Paulo se recupera e lidera investimentos em março Próximo Texto: Frase Índice
|