São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2004

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RETOMADA?

Após alta de 1,75% em janeiro, atividade do setor paulista registrou queda de 0,3% no mês passado

Produção da indústria volta a recuar

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A fraca demanda interna continua a ditar o ritmo da indústria. Depois de apresentar melhora em janeiro, a atividade industrial de São Paulo voltou a cair em fevereiro. A produção no mês passado recuou 0,3% em relação a janeiro, segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.
Em janeiro, a atividade na indústria paulista se expandiu em 1,75% -em dezembro, o recuo da produção fora de 9,13%. Se confrontado o resultado de fevereiro com o de igual mês em 2003, o nível de atividade sobe 3,1%, mas a própria Fiesp diz que a comparação é distorcida porque o primeiro semestre de 2003, excetuados alguns poucos setores, teve como marca a estagnação.
Os resultados de fevereiro reafirmam uma tendência da indústria nos últimos meses: os setores vinculados à exportação seguem apresentando resultados positivos. Aqueles que dependem em grande parte do mercado interno (logo, de renda dos consumidores) passam por sobressaltos.
Dessa forma, a indústria metal-mecânica, que abriga os fabricantes de máquinas agrícolas, experimentou aumento de 13% na produção em relação a janeiro -e de 2% comparado a fevereiro de 2003. No de material elétrico e eletrônico (que inclui itens também destinados à exportação, como celulares), a alta foi de 1,6% comparada a janeiro -e de 9,7% sobre fevereiro do ano passado.
Na via oposta, a indústria de papel e papelão, "termômetro" da atividade econômica, registra o terceiro mês seguido de queda de produção. O recuo em fevereiro foi de 5,1%. Outro intrinsecamente ligado ao mercado interno, o setor de alimentos também amargou o terceiro recuo: em fevereiro, foi de 7,2% sobre janeiro.
"A indústria continua andando de lado porque o fator dinâmico das exportações não está sendo apoiado pelo mercado interno. Não poderia ser diferente quando se constata queda em emprego e de renda e uma política monetária que somente agora começa a sinalizar para uma retomada de queda dos juros", argumenta Cláudio Vaz, diretor da Fiesp.
Em fevereiro, as vendas nominais caíram 3,1%, e as horas trabalhadas na produção, 0,8%.
Levantamento da Fiesp, divulgado no último dia 17, apontava que a indústria no Estado havia aberto 7.442 postos de trabalho no mês passado. Em janeiro, foram abertas 2.123 vagas.
Vaz argumenta que não há conflitos entre o aumento de postos de trabalho e a queda no nível total de atividade em um mesmo mês. Segundo ele, as contratações se devem em grande parte ao desempenho de setores exportadores (e a perspectiva de novos negócios), além de uma preparação para a demanda de Páscoa.
O diretor da Fiesp admitiu que os números da indústria em março tampouco devem apontar significativa melhora. Vaz menciona haver ligeiros sinais positivos no mercado interno para alguns setores, como na indústria automobilística e na de vestuário.


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