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Governo Bush propõe maior controle do setor financeiro
Propostas devem levar anos para serem implementadas, admite o Tesouro
Entre as medidas, estão maior fiscalização bancária e uma espécie de "polícia financeira" para investigar instituições em risco
J. Scott Applewhite/Associated Press
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O secretário Paulson durante anúncio das novas propostas |
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Na maior proposta de reforma do mercado financeiro
americano desde a Grande Depressão, iniciada em 1929, o secretário do Tesouro de George
W. Bush anunciou os principais
pontos de seu plano ontem.
Entre eles, está o fortalecimento do papel do Fed, o banco
central americano, e uma
maior regulação de setores da
economia do país que até então
gozavam de grande liberdade.
Pelo apresentado na manhã
de ontem em Washington pelo
secretário Henry Paulson Jr., o
Fed ganha poderes para regular
também outras áreas financeiras que não só bancos comerciais, como bancos de investimento e financeiras. Além disso, o órgão presidido por Ben
Bernanke contaria com uma
espécie de "polícia financeira"
-agentes de elite que seriam
enviados a investigar bancos
cuja situação possa representar
riscos ao sistema financeiro.
É uma resposta às críticas de
analistas e economistas de que
a principal autoridade monetária dos EUA tem um arsenal limitado de armas -fixação de
taxas de juros, injeção maior ou
menor de dinheiro no mercado- para atacar crises de um
mundo financeiro cada vez
mais complexo e opaco.
Já a criação do grupo de
agentes serviria para evitar que
casos como o que levou à venda
do Bear Stearns sejam debelados antes de gerar pânico.
Mas o próprio Paulson, ex-dirigente de um desses bancos,
o Goldman Sachs, admite que a
implantação das mudanças deve levar anos. E terão enormes
dificuldades no Congresso.
De acordo com o plano, ganham maior vigilância as agências imobiliárias, que estão no
ponto zero da crise, iniciada
nos financiamentos de imóveis
a clientes de alto risco. A idéia é
unificar sob uma comissão do
governo federal a ser criada o
mar de leis e regulamentos do
setor, hoje sob jurisdição de cada um dos 50 Estados, muitas
vezes conflitantes e pouco claros. E o setor de seguros ganharia uma seção específica no Tesouro.
Por fim, entre os pontos
principais apresentados num
cartapácio de 212 páginas por
Paulson na manhã de ontem,
estão a fusão da SEC (Securities
and Exchange Commission), a
equivalente americana da brasileira CVM (Comissão de Valores Imobiliários), à Comissão
de Negociação Futura de Commodities.
Neófito em Washington,
aonde chegou após três décadas em Wall Street, o secretário
afirmou que ele e seus colegas
trabalham no projeto há meses
e que não se tratava de uma reação à crise: "Nossa estrutura regulatória atual não foi feita para lidar com o sistema financeiro moderno. Grande parte foi
feita após a Grande Depressão,
como reação -um padrão de
criar regras como resposta a
inovações mercadológicas ou
ao estresse do mercado."
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