São Paulo, quarta-feira, 01 de abril de 2009

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Remuneração de executivos deverá ser aberta em 2010

CVM quer adotar, na divulgação do ano que vem, regra sobre transparência nas companhias

No sistema atual, empresas só precisam informar valor total dos salários; debate cresceu após críticas a bônus pagos nos Estados Unidos


SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) pretende fazer valer as novas regras para divulgação da remuneração de executivos de companhias abertas brasileiras em 2010. A previsão da superintendente de desenvolvimento de mercado da autarquia, Luciana Pires Dias, é que a nova instrução, que substituirá a atual, de 1993, seja editada no segundo semestre.
Se a previsão se concretizar, o mercado passaria a ter mais detalhes sobre a remuneração dos executivos de companhias abertas a partir de abril de 2010, tendo por base os valores pagos aos administradores em 2009. Atualmente, só é necessário divulgar o valor geral de salários pagos a todos os funcionários.
Mais do que a remuneração dos executivos, a audiência pública foi aberta com o intuito de receber sugestões para a criação do conjunto de regras que substituirá a instrução número 202, de 1993. Essa instrução estabelece as exigências que as empresas de capital aberto devem cumprir.
A questão da remuneração dos altos funcionários das companhias ganhou mais destaque, porém, devido à popularização do mercado de ações, nos últimos cinco anos, e à repercussão negativa sobre as bonificações altas pagas a executivos de empresas americanas em dificuldades -ou mesmo quebradas. Muitas delas receberam recursos do governo americano.
Um dos casos mais criticados é o dos bônus pagos pela seguradora AIG, socorrida pelo governo dos Estados Unidos, que desembolsou US$ 165 milhões aos seus empregados. A Câmara dos Representantes chegou a aprovar projeto que taxa em 90% os rendimentos obtidos pelos executivos de empresas que recebem ajuda estatal. Ainda falta a votação no Senado.

Transparência
A nova norma no Brasil estabelecerá três níveis de transparência nas informações prestadas por essas companhias à CVM, inclusive em relação à remuneração dos executivos -dependendo do mercado em que negociam seus papéis.
O prazo para apresentação de sugestões encerrou-se na segunda-feira à noite, depois de três meses aberto. Até ontem, a CVM ainda não tinha um balanço de quantas ou quais sugestões foram apresentadas.
"Nas próximas duas semanas, o colegiado da CVM começará a discutir as sugestões", informa Luciana Dias. Uma das propostas levantadas por acionistas minoritários é que sejam informadas as remunerações dos três principais executivos. Também se discute a abertura da remuneração em renda fixa e renda variável - o que, segundo especialistas, permite avaliar o quanto de risco os executivos são incentivados a correr para melhorar seus salários.
Já a proposta das empresas é que seja informado apenas o valor global pago a conselheiros e executivos. As 31 companhias brasileiras com papéis negociados na Bolsa de Nova York já fornecem à SEC (equivalente à CVM no mercado americano) essa informação, por exigência da lei americana. Nos Estados Unidos, também é obrigatória a informação individualizada dos salários dos cinco principais executivos da companhia.


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