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Cesp tem prejuízo de R$ 2,47 bi em 2008
Para a companhia paulista, novas regras contábeis afetaram o resultado; analistas de mercado previam perda de R$ 300 mi
Secretária estadual de Energia diz que, sem levar em conta a alteração na regra dos balanços, empresa teria um lucro de R$ 115 mi
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Cesp (Companhia Energética de São Paulo), controlada
pelo governo paulista, apurou
prejuízo de R$ 2,467 bilhões
em 2008. O resultado foi pior
que as projeções de analistas de
mercado, que esperavam resultado negativo de R$ 300 milhões. O balanço foi apresentado ontem à noite à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Segundo a empresa, o prejuízo foi gerado pela aplicação de
nova regra contábil vigente. Pelas novas determinações, a
Cesp não pode mais apresentar
no balanço o valor econômico
da companhia como um todo.
Esse indicador leva em conta
todo o faturamento previsto
para o futuro trazido ao valor
de hoje. A nova regra exige que
o valor econômico negativo das
unidades de negócios não seja
mais compensado com os positivos de outras.
Dessa forma, apenas o valor
econômico negativo da usina
de Porto Primavera foi reconhecido no balanço. O efeito
contábil no resultado foi grande. "Sem essa regra, a Cesp poderia anunciar um lucro de R$
115 milhões em 2008", disse
Dilma Pena, secretária de
Energia de São Paulo.
A usina de Porto Primavera,
que em 2008 teve a concessão
renovada por mais 20 anos, é o
ativo mais problemático da
Cesp. Demorou 22 anos para ficar pronta, e essa situação comprometeu, do ponto de vista
econômico, as condições de
amortização do investimento.
É essa intrincada conta que, a
partir da nova regra, compromete o resultado.
Operacionalmente, a situação da Cesp é positiva. O faturamento cresceu 13,5%, e a geração de caixa atingiu R$ 1,626 bilhão, com aumento de 12% entre 2007 e 2008.
O efeito prático desse resultado será o não pagamento de
juros sobre o capital próprio e
dividendos. No ano passado, a
empresa já havia pago juros sobre o capital de R$ 65 milhões.
Guilherme Cirne de Toledo,
presidente da Cesp, disse que a
empresa vai usar a reserva de
capital para zerar o prejuízo
deste ano. Dessa forma, poderá
pagar dividendos aos acionistas
em 2009. Se houver lucro.
No ano passado, o governo
paulista tentou, sem sucesso,
privatizar a companhia. Uma
das dificuldades apontadas pelo mercado foi a falta de garantia de que algumas usinas da
Cesp terão concessões renovadas pelo governo federal.
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