São Paulo, quarta-feira, 01 de abril de 2009

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Cesp tem prejuízo de R$ 2,47 bi em 2008

Para a companhia paulista, novas regras contábeis afetaram o resultado; analistas de mercado previam perda de R$ 300 mi

Secretária estadual de Energia diz que, sem levar em conta a alteração na regra dos balanços, empresa teria um lucro de R$ 115 mi


AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Cesp (Companhia Energética de São Paulo), controlada pelo governo paulista, apurou prejuízo de R$ 2,467 bilhões em 2008. O resultado foi pior que as projeções de analistas de mercado, que esperavam resultado negativo de R$ 300 milhões. O balanço foi apresentado ontem à noite à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Segundo a empresa, o prejuízo foi gerado pela aplicação de nova regra contábil vigente. Pelas novas determinações, a Cesp não pode mais apresentar no balanço o valor econômico da companhia como um todo. Esse indicador leva em conta todo o faturamento previsto para o futuro trazido ao valor de hoje. A nova regra exige que o valor econômico negativo das unidades de negócios não seja mais compensado com os positivos de outras.
Dessa forma, apenas o valor econômico negativo da usina de Porto Primavera foi reconhecido no balanço. O efeito contábil no resultado foi grande. "Sem essa regra, a Cesp poderia anunciar um lucro de R$ 115 milhões em 2008", disse Dilma Pena, secretária de Energia de São Paulo.
A usina de Porto Primavera, que em 2008 teve a concessão renovada por mais 20 anos, é o ativo mais problemático da Cesp. Demorou 22 anos para ficar pronta, e essa situação comprometeu, do ponto de vista econômico, as condições de amortização do investimento. É essa intrincada conta que, a partir da nova regra, compromete o resultado.
Operacionalmente, a situação da Cesp é positiva. O faturamento cresceu 13,5%, e a geração de caixa atingiu R$ 1,626 bilhão, com aumento de 12% entre 2007 e 2008.
O efeito prático desse resultado será o não pagamento de juros sobre o capital próprio e dividendos. No ano passado, a empresa já havia pago juros sobre o capital de R$ 65 milhões.
Guilherme Cirne de Toledo, presidente da Cesp, disse que a empresa vai usar a reserva de capital para zerar o prejuízo deste ano. Dessa forma, poderá pagar dividendos aos acionistas em 2009. Se houver lucro.
No ano passado, o governo paulista tentou, sem sucesso, privatizar a companhia. Uma das dificuldades apontadas pelo mercado foi a falta de garantia de que algumas usinas da Cesp terão concessões renovadas pelo governo federal.


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