São Paulo, quarta-feira, 01 de abril de 2009

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Preço de casas registra queda recorde nos EUA

Mas mercado imobiliário começa a descongelar

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Origem e um dos principais termômetros da atual crise financeira internacional, os preços dos imóveis nos EUA tiveram uma queda recorde de 19% em janeiro na comparação com igual período no ano passado.
Nas regiões mais atingidas pelo estouro da bolha imobiliária, que alcançou seu ápice em julho de 2006, muitas casas já valem quase a metade do que chegaram a custar.
Segundo corretores nas costas Oeste e Leste, embora os preços continuem apresentando tendência de queda, o mercado começa a descongelar.
A queda nos preços, dizem, tem atraído também um número cada vez maior de investidores interessados em pagar à vista. Muitos alegam estarem preocupados com o futuro da inflação nos EUA devido aos imensos déficits que o país está contraindo. Eles estariam procurando refugiar parte de seu dinheiro comprando imóveis na baixa do mercado.
"A melhora no mercado está se dando pelo volume de negócios, e não pelo preço, que continua em queda", diz o corretor brasileiro Valtair Souza, que trabalha há vários anos na região de Newark, vizinha a Nova York e um dos locais mais atingidos pelo estouro da "bolha".
Segundo o índice Standard & Poor's Case-Shiller Home Price, que abrange 20 das maiores regiões metropolitanas nos EUA, em várias localidades os preços caíram em janeiro até 6% ante dezembro.
Em Phoenix (Arizona), um dos locais mais afetados, na média os imóveis valem 48,5% menos do que no pico de 2006.
Em Las Vegas (Nevada), Miami (Flórida), San Francisco e San Diego (Califórnia), as quedas são superiores a 40%.
De todas as grandes cidades captadas pelo índice, Dallas (Texas) foi a que menos sofreu. Por não ter atravessado um boom tão forte no setor imobiliário, os preços na cidade recuaram apenas 11%.
Segundo Bill Halatsis, corretor da Prudential, na Califórnia, os preços ainda devem demorar um pouco a subir.
"Como a "bolha" imobiliária explodiu primeiro aqui [cerca de um ano antes do resto do país], a recuperação na Califórnia me parece um pouco mais adiantada", afirma Halatsis.
O mercado imobiliário nos EUA é fundamental para tirar o país e o mundo da crise. Os imóveis estão, em última instância, por trás de milhões de papéis que se transformaram nos ativos "tóxicos" que hoje entopem as carteiras dos bancos, travando o fornecimento de crédito para várias áreas.


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