São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2008

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Economia dos EUA cresce 0,6% no 1º tri

Avanço repete o verificado no 4º trimestre de 2007; aumento dos estoques, exportações e gastos com serviços evitam retração

Formação de estoques preocupa analistas, pois sinaliza redução no consumo, que representa 70% da economia americana


DA REDAÇÃO

A economia americana não entrou em território negativo no primeiro trimestre do ano, como chegou a se temer, mas os dados divulgados ontem não afastaram as preocupações sobre o rumo da principal economia mundial. Segundo a primeira estimativa oficial, o PIB dos EUA cresceu 0,6% na taxa anualizada nos primeiros três meses deste ano -avanço igual ao do último trimestre de 2007.
Os principais itens que impediram a retração da economia americana foram gastos com serviços, exportações (ajudadas pela desvalorização do dólar) e aumento dos estoques. Este último item, que colaborou com 0,81 ponto percentual para a expansão do PIB, é a principal preocupação dos economistas, já que ele sinaliza uma queda no consumo.
Economistas apontam que o aumento nos estoques -que cresceram US$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre, ante queda de US$ 18,3 bilhões nos três meses anteriores (quando diminuíram em 1,79 ponto percentual o PIB do período)- representa um ponto de preocupação para os próximos meses. Caso a economia não melhore, permitindo que as indústrias consigam se desfazer das mercadorias, o desemprego deverá aumentar, levando a uma nova redução no consumo.
E, mesmo que o comércio continue a fazer novos pedidos, as empresas provavelmente não precisarão manter o mesmo ritmo, já que precisarão vender antes os estoques existentes, o que pode se refletir em corte no número de horas dos trabalhadores e desaceleração na compra de matérias-primas.
"Uma grande contribuição dos estoques em um trimestre se traduz em recuperação desses investimentos no período seguinte", afirmou Zach Pandl, do Lehman Brothers. "As empresas devem recuar." Vários analistas dizem acreditar que o PIB dos EUA deverá ter queda neste trimestre, recuperando-se a partir de julho, quando já devem ser sentidos mais fortemente os efeitos do plano de estímulo do governo, cujos cheques começaram a entrar nas contas dos contribuintes.
O resultado do primeiro trimestre não confirmou as previsões de que os EUA já estão em recessão, feitas por vários economistas e até por Warren Buffett, o homem mais rico do mundo, segundo a "Forbes". Porém não diminuiu os temores sobre a economia do país, já que o desemprego aumentou e os consumidores diminuíram o ritmo dos gastos nos últimos meses. A definição padrão de recessão nos EUA envolve dois trimestres consecutivos de crescimento negativo.
O próprio relatório do PIB mostra a desaceleração dos gastos dos consumidores, que representam cerca de 70% da economia americana. Nos primeiros três meses do ano, eles contribuíram com 0,68 ponto percentual do crescimento -0,90 ponto percentual menos que no trimestre anterior.


Com o "New York Times"


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