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China mostra novos modelos de cidades
Feira em Xangai propõe formas para as metrópoles encontrarem "equilíbrio'; Brasil busca consolidar imagem de país moderno
Ideia do evento é apresentar projetos urbanísticos que possam ajudar as cidades a reduzir desigualdades sem afetar o desenvolvimento
JULIO WIZIACK
ENVIADO ESPECIAL A XANGAI
Sobrou festa e faltou conteúdo na abertura da Expo 2010
Xangai China, exposição promovida pelo governo chinês
que tem como objetivo apresentar novos modelos para as
cidades que hoje enfrentam
uma lista de problemas decorrentes dos modelos de desenvolvimento adotados no passado que deixam diversas localidades à beira do colapso social.
Com duas horas de duração,
rigorosamente computadas, a
cerimônia contou com o pianista Lang Lang, um dos mais
renomados do circuito da música clássica internacional, e teve solo do tenor italiano Andrea Bocelli, interpretando o
"Nessum Dorma" ("Que ninguém durma!"), famosa ária do
compositor italiano Giacomo
Puccini (1858-1924).
Menos de dez minutos foram
destinados ao assunto principal: o que fazer para evitar que
o mundo continue crescendo e
gerando impactos que reduzam
a qualidade de vida nas cidades.
Não por acaso, o lema da Expo
2010 é "Better city, better life"
("Uma cidade melhor, uma vida melhor").
A China, que investiu US$ 4
bilhões na promoção do evento, quer dar o exemplo. Seu pavilhão, que lembra um templo
gigante, propõe novas formas
de as cidades atingirem o "equilíbrio". Mas não parece ser essa
a fórmula que os anfitriões aplicam em casa.
Xangai, a cidade com maior
renda per capita da China e que
organizou o evento, esbanja em
gasto de energia. Não há edifício na cidade que não lance feixes poderosos de luz ao anoitecer. Viadutos emitem luzes de
neon, luminosos confundem os
pedestres e motoristas por toda
parte.
O que é visto como excesso
pelos ambientalistas e defensores da economia sustentável, os
chineses chamam de "atração
turística". Xangai é apresentada pelos guias da cidade como a
"Paris asiática" (uma referência à "cidade luz").
O que eles se esquecem de dizer é que nas zonas rurais próximas a Xangai as crianças ainda são obrigadas a fazer a lição
escolar usando velas.
Mas a China não é a única
com problemas entre os 192
países que participam da Expo
2010. A ideia do evento é justamente apresentar projetos urbanísticos e soluções que possam ajudar as cidades a reduzirem desigualdades sem comprometer seu desenvolvimento
econômico.
Essas experiências estarão à
mostra dentro do pavilhão de
cada país ao longo de seis meses, até 31 de outubro deste ano.
A previsão dos organizadores é
que 70 milhões de visitantes
passem pela Expo 2010.
O Brasil na feira
Além de apresentar seus projetos, o Brasil acredita que, participando da Expo 2010, poderá
abrir portas na China para as
exportações dos produtos nacionais de maior valor agregado
e não somente as commodities,
hoje principal item das vendas
externas.
Segundo a Apex (Agência
Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos), a
China já é o principal parceiro
comercial do Brasil e a Expo
2010 será uma oportunidade
para novos negócios.
Ainda segundo a Apex, será um espaço
para consolidar a imagem de
um Brasil moderno, com instituições fortes que garantem a
segurança dos investimentos
externos, com criatividade que
se traduz em inovações tecnológicas, com uma legislação
ambiental eficiente e que tem
alcançado bons resultados na
redução das desigualdades e inclusão social.
As obras do PAC (Programa
de Aceleração do Crescimento)
também estarão presentes na
Expo 2010. Para a Apex, elas
têm importância na sustentabilidade das cidades. É melhor
ouvir Bocelli.
O jornalista JULIO WIZIACK viajou a convite do governo chinês.
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