São Paulo, sábado, 01 de maio de 2010

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China mostra novos modelos de cidades

Feira em Xangai propõe formas para as metrópoles encontrarem "equilíbrio'; Brasil busca consolidar imagem de país moderno

Ideia do evento é apresentar projetos urbanísticos que possam ajudar as cidades a reduzir desigualdades sem afetar o desenvolvimento


JULIO WIZIACK
ENVIADO ESPECIAL A XANGAI

Sobrou festa e faltou conteúdo na abertura da Expo 2010 Xangai China, exposição promovida pelo governo chinês que tem como objetivo apresentar novos modelos para as cidades que hoje enfrentam uma lista de problemas decorrentes dos modelos de desenvolvimento adotados no passado que deixam diversas localidades à beira do colapso social.
Com duas horas de duração, rigorosamente computadas, a cerimônia contou com o pianista Lang Lang, um dos mais renomados do circuito da música clássica internacional, e teve solo do tenor italiano Andrea Bocelli, interpretando o "Nessum Dorma" ("Que ninguém durma!"), famosa ária do compositor italiano Giacomo Puccini (1858-1924).
Menos de dez minutos foram destinados ao assunto principal: o que fazer para evitar que o mundo continue crescendo e gerando impactos que reduzam a qualidade de vida nas cidades.
Não por acaso, o lema da Expo 2010 é "Better city, better life" ("Uma cidade melhor, uma vida melhor"). A China, que investiu US$ 4 bilhões na promoção do evento, quer dar o exemplo. Seu pavilhão, que lembra um templo gigante, propõe novas formas de as cidades atingirem o "equilíbrio". Mas não parece ser essa a fórmula que os anfitriões aplicam em casa.
Xangai, a cidade com maior renda per capita da China e que organizou o evento, esbanja em gasto de energia. Não há edifício na cidade que não lance feixes poderosos de luz ao anoitecer. Viadutos emitem luzes de neon, luminosos confundem os pedestres e motoristas por toda parte.
O que é visto como excesso pelos ambientalistas e defensores da economia sustentável, os chineses chamam de "atração turística". Xangai é apresentada pelos guias da cidade como a "Paris asiática" (uma referência à "cidade luz"). O que eles se esquecem de dizer é que nas zonas rurais próximas a Xangai as crianças ainda são obrigadas a fazer a lição escolar usando velas.
Mas a China não é a única com problemas entre os 192 países que participam da Expo 2010. A ideia do evento é justamente apresentar projetos urbanísticos e soluções que possam ajudar as cidades a reduzirem desigualdades sem comprometer seu desenvolvimento econômico.
Essas experiências estarão à mostra dentro do pavilhão de cada país ao longo de seis meses, até 31 de outubro deste ano. A previsão dos organizadores é que 70 milhões de visitantes passem pela Expo 2010.

O Brasil na feira
Além de apresentar seus projetos, o Brasil acredita que, participando da Expo 2010, poderá abrir portas na China para as exportações dos produtos nacionais de maior valor agregado e não somente as commodities, hoje principal item das vendas externas.
Segundo a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos), a China já é o principal parceiro comercial do Brasil e a Expo 2010 será uma oportunidade para novos negócios.
Ainda segundo a Apex, será um espaço para consolidar a imagem de um Brasil moderno, com instituições fortes que garantem a segurança dos investimentos externos, com criatividade que se traduz em inovações tecnológicas, com uma legislação ambiental eficiente e que tem alcançado bons resultados na redução das desigualdades e inclusão social.
As obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) também estarão presentes na Expo 2010. Para a Apex, elas têm importância na sustentabilidade das cidades. É melhor ouvir Bocelli.

O jornalista JULIO WIZIACK viajou a convite do governo chinês.



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