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Brics vão liderar captação de investimentos
Projeções indicam que os quatro países estarão entre os cinco maiores receptores de investimento estrangeiro em 2011
Recursos, no entanto, têm que ser canalizados para setores que proporcionem mais ganhos tecnológicos,
alerta especialista indiana
CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO
Projeções indicam que Brasil, Rússia, Índia e China, os
países do Bric, estarão entre os
cinco maiores captadores de
investimentos estrangeiros diretos (IEDs) em 2011, que deverá marcar a volta desses investimentos ao total de US$ 1,8 trilhão, nível anterior à crise financeira iniciada em 2007.
Mas a distribuição irregular
desses recursos, os desafios que
eles representam para as políticas monetária e cambial e a necessidade de canalizá-los para
aplicações que gerem ganhos
tecnológicos são desafios a serem enfrentados pelos quatro
países, afirma a economista indiana Radikha Kapoor.
"É preciso pôr maior ênfase
na captação de investimentos
que sejam importantes para o
desenvolvimento econômico",
disse Kapoor.
Até 2008, apenas China e
Rússia estavam entre os cinco
maiores receptores de IEDs,
junto com EUA (primeiro lugar), Reino Unido e França. Em
2011, segundo a especialista indiana, a China deverá ultrapassar os EUA na liderança e Brasil
e Índia tomarão o lugar dos
dois países europeus.
Ainda de acordo com os dados de Kapoor, é no Brasil onde
existe maior equilíbrio na distribuição dos IEDs -em 2009,
42,6% foram para a indústria,
42,9% para os serviços e 14,5%
para agricultura e mineração.
Na China, 54,7% do capital
externo vai para a indústria. Na
Índia, ele se concentra nos serviços (61,4%), o que também é o
caso da Rússia (57,8%).
Para Kapoor, que esteve em
Brasília para participar de seminário do Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada)
sobre o Bric, a Índia terá que
melhorar sua infraestrutura e
reduzir os custos burocráticos
se quiser captar mais investimentos para a indústria, com
capacidade de criar empregos
de melhor qualidade.
No caso da Rússia, a participação externa com transferência tecnológica é fundamental
para a exploração de campos de
gás que ficam a milhares de quilômetros de profundidade na
plataforma submarina, afirmou Svetlana Pavlovna, do Instituto de Economia da Academia de Ciência russa.
No entanto, disse Pavlovna,
companhias estrangeiras resistem às regras de distribuição
dos lucros feitas por Moscou.
"A ironia é que muitas se adaptam rápido a outras circunstâncias, como a corrupção."
Se a abertura das contas de
capital incentiva investimentos, ela não ocorre sem riscos,
disse Kapoor. "O governo tem
que optar entre uma política de
juros independente e o controle do câmbio."
Um caso paradigmático é o
da China, onde, se quiser aumentar os juros para frear tendências inflacionárias, o governo terá que permitir uma maior
flutuação do yuan, colado ao
dólar desvalorizado desde o início da crise global.
Outro aspecto ressaltado no
seminário foi o papel crescente
dos Brics como investidores no
exterior, por meio de fundos
soberanos ou de novas multinacionais. A China já ocupa o
13º lugar. O chinês Liu Youfa,
do Instituto de Estudos Internacionais do país, chamou a
atenção para a resistência, nos
países ricos, a aquisições feitas
por estrangeiros.
"Ainda somos amadores. Temos que nos coordenar tanto
para a promoção de investimentos mútuos quanto para
combater o protecionismo",
disse Liu, que sugeriu a criação
de um "consórcio financeiro"
nos quatro Brics.
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