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Vale investe US$ 2,5 bi em mina de ferro em Guiné
É o primeiro investimento da empresa em minério de ferro fora do Brasil
Negócio é o maior feito pela empresa no exterior desde a compra da canadense Inco, produtora de níquel, por US$ 18 bilhões, em 2006
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Dona das maiores e melhores
reservas de ferro do mundo, a
Vale anunciou ontem seu primeiro investimento em minério fora do Brasil, com a aquisição, por US$ 2,5 bilhões, de depósitos em Guiné, país localizado no oeste da África.
A mineradora brasileira
comprou 51% da BSG Resources (BSGR), detentora de concessões e licenças de exploração de minério de ferro nas regiões de Simandou Sul e Simandou Norte, próximas ao litoral do país africano.
A Vale pagará US$ 500 milhões à vista. Os outros US$ 2
bilhões serão quitados "em etapas sujeitas ao cumprimento
de metas específicas", segundo
comunicado da Vale. É que a
mineradora quer se certificar
do exato potencial das reservas,
ainda inexploradas.
Os planos da Vale são colocar
em produção, primeiro, a mina
de Zogota, em Simandou Sul, já
em 2012, com uma extração
inicial de 10 milhões de toneladas/ano de minério.
O objetivo, porém, é ampliar
a produção para 50 milhões de
toneladas/ano entre 2014 e
2015 -o que tornará a mina
africana a segunda maior da
empresa, atrás apenas da localizada em Carajás (PA).
Esse volume corresponde a
17% da capacidade atual de extração de minério de ferro da
Vale (300 milhões de toneladas/ano).
Serão ainda realizados estudos adicionais de viabilidade
nas reservas de Simandou Norte antes de uma decisão sobre o
início da exploração na área.
Parte da motivação da Vale
em adquirir as licenças se deu
por conta das características
semelhantes dos depósitos de
Guiné e os de Carajás, no Pará.
Teorias geológicas demonstram que as áreas eram contíguas em eras pré-históricas.
Segundo a mineradora, as reservas de Guiné estão "entre os
melhores depósitos de minério
de ferro ainda não explorados
no mundo". Possuem, diz a Vale, "alta qualidade e potencial
para o desenvolvimento de
projeto de larga escala e longa
duração, com baixo custo operacional e de investimento".
Com o negócio, a Vale, além
de assumir o controle da joint
venture, assegurou a responsabilidade pela operação e condução de investimentos nas minas, marketing e vendas do volume total de minério -e não
apenas dos 51% correspondentes à sua participação.
Será criado um corredor logístico para escoamento do minério, por meio da Libéria, país
vizinho a Guiné. Para obter o
direito de transporte pela Libéria, a joint venture assumiu o
compromisso de restaurar 660
km de uma ferrovia que corta o
país e adaptá-la ao transporte
de passageiros e cargas leves.
Internacionalização
A aquisição das minas em
Guiné representa o maior investimento numa compra no
exterior feita pela Vale desde a
compra da Inco, no final de
2006, por US$ 18 bilhões.
Desde a compra da mineradora canadense, a Vale conviveu, porém, com a queda brusca dos preços do níquel (principal produto da Inco) em 2008 e
2009 por conta da crise, que levou à paralisação de minas.
Sofre ainda com uma greve,
que se arrasta desde julho, motivada pelo corte de benefícios
e pelo programa de redução de
custos impostos pela administração brasileira.
A Vale tem operações ou desenvolve projetos de produção
em Peru, Chile, Argentina,
Omã, Canadá, Moçambique,
Indonésia, Austrália, China e
Nova Caledônia. A empresa
também realiza prospecções
em vários países.
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