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Petrobras amplia participação no etanol
Estatal investe R$ 1,6 bilhão para obter o controle de 45,7% no capital da Açúcar Guarani, 4ª processadora de cana no país
Com o negócio, a estatal deterá participação em seis usinas no Brasil e uma na África; ações da Guarani tiveram alta inusual
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Petrobras anunciou ontem, após o fechamento do
mercado, a maior ofensiva sobre o mercado de produção de
etanol no Brasil.
Depois de meses de negociações, a estatal -por intermédio
da subsidiária integral Petrobras Biocombustível- fechou
um acordo de investimento de
R$ 1,6 bilhão que dará à empresa o controle de 45,7% no capital da empresa Açúcar Guarani.
O movimento da Petrobras
reforça uma tendência que ganha corpo no Brasil: a participação de companhias de petróleo no mercado de produtores
de etanol. Em fevereiro, a petroleira Shell associou-se à líder do setor no Brasil, a Cosan.
O negócio Shell/Cosan, além
de envolver a produção e o
acesso facilitado ao etanol brasileiro no mercado internacional, incluiu acordo de distribuição de combustível no Brasil. A
Cosan é dona da rede da Esso.
Hoje, a Açúcar Guarani
-quarta processadora de cana-de-açúcar no país, com volume
anual de 17,4 milhões de toneladas nesta safra- é controlada
pela francesa Tereos Internacional, empresa que está transferindo a administração do grupo para o Brasil e se preparando para ser a representante do
grupo no mercado de capitais
na BM&FBovespa.
O ingresso da estatal na gestão da Açúcar Guarani foi feito
a partir de um excepcional prêmio pela participação.
O aumento de capital em até
R$ 1,6 bilhão se deu a partir de
uma avaliação de R$ 5,83 por
ação, valor 38% acima da cotação de um dia anterior ao fechamento do negócio.
Segundo o diretor de etanol
da Petrobras Biocombustíveis,
Ricardo Castelo Branco, o valor
oferecido pelos papéis, apesar
de mais elevado, ficou em linha
com a avaliação que foi encomendada ao banco ING.
Alexis Duval, diretor internacional da Tereos, disse que R$
5,83 foi o valor atribuído aos
ativos da companhia que serão
juntados na formação da empresa agora com sede no Brasil.
A Petrobras terá até cinco
anos para completar o aporte
de R$ 1,6 bilhão, recurso que financiará a expansão da capacidade de processamento de cana-de-açúcar para a produção
de etanol.
A Tereos Internacional também poderá contribuir com até
R$ 600 milhões para o aumento de capital da empresa na
Guarani num prazo de 12 meses após a conclusão do ingresso da Petrobras.
Com o negócio, a estatal deterá participação em seis usinas no Brasil e uma na África,
em Moçambique.
"Fechamos esse acordo por
ter observado a qualidade da
operação, da gestão e dos ativos. Além disso, temos o compromisso de que a empresa
quer crescer no Brasil e no continente africano. Foi um movimento estratégico", afirmou
Miguel Rossetto, presidente da
Petrobras Biocombustível.
A Petrobras vai indicar dois
diretores na Guarani (operações e investimento). A presidência-executiva e a diretoria
financeira serão ocupadas por
indicados da Tereos.
Disparada
Apesar de o negócio ter sido
anunciado após o fechamento
do mercado, durante o dia os
papéis da Guarani registraram
forte valorização na Bolsa -alta de 12,29%, com fechamento
em R$ 4,75, com mais de 1.700
negócios realizados.
No pregão da quinta-feira, o
papel da empresa registrou 752
transações.
O que mais chamou a atenção foi o fato de que essas ações
têm pouca liquidez, segundo o
próprio presidente da Guarani,
Jacyr Costa Filho.
Sobre um eventual vazamento de informações -possível
explicação para a súbita alta do
papel antes do anúncio do negócio-, Costa Filho disse que
não faria comentários: "Não comento flutuações de mercado".
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