São Paulo, sábado, 01 de maio de 2010

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Petrobras amplia participação no etanol

Estatal investe R$ 1,6 bilhão para obter o controle de 45,7% no capital da Açúcar Guarani, 4ª processadora de cana no país

Com o negócio, a estatal deterá participação em seis usinas no Brasil e uma na África; ações da Guarani tiveram alta inusual


AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Petrobras anunciou ontem, após o fechamento do mercado, a maior ofensiva sobre o mercado de produção de etanol no Brasil.
Depois de meses de negociações, a estatal -por intermédio da subsidiária integral Petrobras Biocombustível- fechou um acordo de investimento de R$ 1,6 bilhão que dará à empresa o controle de 45,7% no capital da empresa Açúcar Guarani.
O movimento da Petrobras reforça uma tendência que ganha corpo no Brasil: a participação de companhias de petróleo no mercado de produtores de etanol. Em fevereiro, a petroleira Shell associou-se à líder do setor no Brasil, a Cosan.
O negócio Shell/Cosan, além de envolver a produção e o acesso facilitado ao etanol brasileiro no mercado internacional, incluiu acordo de distribuição de combustível no Brasil. A Cosan é dona da rede da Esso.
Hoje, a Açúcar Guarani -quarta processadora de cana-de-açúcar no país, com volume anual de 17,4 milhões de toneladas nesta safra- é controlada pela francesa Tereos Internacional, empresa que está transferindo a administração do grupo para o Brasil e se preparando para ser a representante do grupo no mercado de capitais na BM&FBovespa.
O ingresso da estatal na gestão da Açúcar Guarani foi feito a partir de um excepcional prêmio pela participação.
O aumento de capital em até R$ 1,6 bilhão se deu a partir de uma avaliação de R$ 5,83 por ação, valor 38% acima da cotação de um dia anterior ao fechamento do negócio.
Segundo o diretor de etanol da Petrobras Biocombustíveis, Ricardo Castelo Branco, o valor oferecido pelos papéis, apesar de mais elevado, ficou em linha com a avaliação que foi encomendada ao banco ING.
Alexis Duval, diretor internacional da Tereos, disse que R$ 5,83 foi o valor atribuído aos ativos da companhia que serão juntados na formação da empresa agora com sede no Brasil.
A Petrobras terá até cinco anos para completar o aporte de R$ 1,6 bilhão, recurso que financiará a expansão da capacidade de processamento de cana-de-açúcar para a produção de etanol.
A Tereos Internacional também poderá contribuir com até R$ 600 milhões para o aumento de capital da empresa na Guarani num prazo de 12 meses após a conclusão do ingresso da Petrobras.
Com o negócio, a estatal deterá participação em seis usinas no Brasil e uma na África, em Moçambique.
"Fechamos esse acordo por ter observado a qualidade da operação, da gestão e dos ativos. Além disso, temos o compromisso de que a empresa quer crescer no Brasil e no continente africano. Foi um movimento estratégico", afirmou Miguel Rossetto, presidente da Petrobras Biocombustível.
A Petrobras vai indicar dois diretores na Guarani (operações e investimento). A presidência-executiva e a diretoria financeira serão ocupadas por indicados da Tereos.

Disparada
Apesar de o negócio ter sido anunciado após o fechamento do mercado, durante o dia os papéis da Guarani registraram forte valorização na Bolsa -alta de 12,29%, com fechamento em R$ 4,75, com mais de 1.700 negócios realizados.
No pregão da quinta-feira, o papel da empresa registrou 752 transações.
O que mais chamou a atenção foi o fato de que essas ações têm pouca liquidez, segundo o próprio presidente da Guarani, Jacyr Costa Filho.
Sobre um eventual vazamento de informações -possível explicação para a súbita alta do papel antes do anúncio do negócio-, Costa Filho disse que não faria comentários: "Não comento flutuações de mercado".


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