São Paulo, quinta-feira, 01 de junho de 2006

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Ata do Fed dá brecha a elevação de juros

Com medo de novas pressões inflacionárias, BC dos EUA chegou a cogitar aumento da taxa em meio ponto em maio

Diretores reconhecem que crescimento do país pode perder fôlego, mas identificam pressões inflacionárias

DA ASSOCIATED PRESS

Temendo que o potencial de inflação se agrave, os diretores do Federal Reserve (BC dos EUA) em sua reunião de maio consideraram elevar os juros básicos em meio ponto percentual antes de decidir pela alta de 0,25 ponto percentual.
O presidente do órgão, Ben Bernanke, e seus colegas do Fed também decidiram deixar a porta aberta para novos aumentos dos juros "diante do risco de que a previsão de inflação possa piorar", segundo as minutas da reunião a portas fechadas realizada em 10 de maio pelo Fed, divulgadas ontem.
A perspectiva de novas elevações dos juros nos EUA é a maior responsável pela turbulência nos mercados globais desde a última reunião do Fed, já que ela tende a atrair investidores para papéis do Tesouro americano em detrimento a outros mercados.
Apesar da perspectiva de novos aumentos, os mercados tiveram dia mais tranqüilo ontem (leia texto ao lado).
As minutas mostram que os diretores avaliaram vários cenários, até o de não elevar os juros. Consideraram se havia maior probabilidade de a economia desacelerar diante dos aumentos de juros anteriores ou se o aumento dos preços da energia poderia provocar uma inflação mais generalizada. Então aprovaram o aumento de 0,25%, o 16º consecutivo.
A decisão unânime elevou as taxas dos fundos federais para 5%, o nível mais alto em cinco anos. As altas começaram em em junho de 2004.

Risco inflacionário
O Fed disse que "diversos fatores estão aumentando os riscos de alta da inflação", incluindo o aumento dos preços da energia, assim como alguns preços de matérias-primas e o menor valor do dólar, que vem se desvalorizando em relação ao euro e ao iene, movimento acentuado desde o início da turbulência atual.
O dólar mais fraco pode aumentar os preços dos produtos importados pelos EUA e, assim, dar ao empresário americano mais margem para aumentar seus próprios preços.
No final de abril, os preços do petróleo atingiram uma alta recorde, passando de US$ 75 o barril. Os preços da gasolina também subiram, chegando a US$ 3 por galão (3,78 litros) em algumas regiões.
"As pressões inflacionárias parecem um pouco maiores do que o comitê havia previsto" quando se reuniu para seu encontro anterior em março, disseram as minutas da reunião do Fed.

Crescimento menor
Enquanto reconhecem alguns "riscos de redução da atividade econômica", os membros do Fed acreditam que o rumo mais provável é que a economia se modere gradualmente nos próximos trimestres, o que ajudaria a conter as pressões inflacionárias.
"Diante dos riscos para o crescimento e a inflação, os membros do comitê ficaram incertos sobre quanto enrijecimento ainda será necessário" depois do aumento de maio, segundo as minutas.


Tradução de LUIZ ROBERTO MENDES GONÇALVES


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