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Governo gasta pouco nos projetos do PAC
Até abril foram gastos só 3,5% dos investimentos previstos no ano; já as despesas subiram 12,3%, e as receitas, 13,4%
Mantega nega lentidão no programa do governo; economia para pagar juros cresce 14,5% no período, na comparação com 2006
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar das cobranças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo federal só conseguiu gastar até agora 3,5% dos
recursos previstos para investimento no PAC (Programa de
Aceleração) neste ano.
Com a demora na execução
dos projetos, foi possível alcançar no primeiro quadrimestre
uma economia fiscal além da
meta estabelecida no período.
De janeiro a abril, o superávit
primário (receita menos despesas, exceto os juros da dívida)
do chamado governo central
(Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central)
atingiu R$ 33,879 bilhões. O valor é quase R$ 4 bilhões acima
da meta fixada para o período e
também supera em 14,5% o registrado no mesmo período de
2006 -R$ 29,582 bilhões.
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) negou que as obras
do PAC estejam em ritmo lento
ou paradas. "No início do ano, o
investimento começa mais lento. Depois, vai acelerando. Está
um ritmo muito bom, bem superior ao de outros anos."
Já as despesas do governo
central cresceram 12,3% no
primeiro quadrimestre em relação a 2006. Pressionaram as
contas públicas o aumento do
salário mínimo, que impacta a
Previdência e benefícios como
o seguro-desemprego, e a reestruturação de algumas carreiras do funcionalismo.
Pelo lado da receita, houve
um crescimento de 13,4%. De
acordo com o Tesouro, foi resultado de um maior dinamismo da economia e o aumento
da formalização no país, gerando uma arrecadação maior.
Os números divulgados ontem pelo Tesouro Nacional
mostram que até abril foram
gastos com projetos do PAC
apenas R$ 548,9 milhões. O
montante contratado (empenhado) até o final de abril foi de
R$ 1,921 bilhão. O valor total
previsto para o programa em
2007 é de R$ 15,765 bilhões.
"Isso foi o possível de ser feito até agora. A economia real
tem suas dificuldades. Chuvas,
detalhamento de projetos. O
PAC tem uma meta desafiadora, mas vamos chegar ao final
do ano com os recursos do PAC
totalmente empenhados", disse o secretário do Tesouro, Tarcísio Godoy.
Nos projetos prioritários do
governo, que incluem as obras
do PPI (Projeto Piloto de Investimento -investimentos
que não estão sujeitos ao bloqueio de verbas e não contabilizados como despesa para efeito
de cálculo do superávit primário), o gasto contabilizado até
abril foi de R$ 695,3 milhões.
Para 2007, o volume de investimento projetado para o
PPI é de R$ 11,3 bilhões.
Godoy relatou que as equipes
dos ministérios da Fazenda, do
Planejamento e da Casa Civil
vêm trabalhando para que os
investimentos ocorram como
planejado. "Domingo trabalhamos até as 11 horas da noite."
Godoy destaca que, em relação a 2006, o ritmo de execução
dos investimentos está mais
acelerado. Segundo os dados do
Tesouro, o total empenhado no
ano passado, de janeiro a abril,
somou R$ 614 milhões. Neste
ano, a soma é de R$ 4,215 bilhões -aumento de 586,3%.
Os valores liquidados, exceto
restos a pagar, chegaram a R$
89,6 milhões em 2006. Nos
quatro primeiros meses deste
ano, o valor é de R$ 796,3 milhões. Trata-se de um crescimento de 788,7%. Já os recursos efetivamente liberados pelo
Tesouro para investimentos no
quadrimestre totalizaram R$
4,693 bilhões -alta de 37,9%
na comparação com 2006.
Para Godoy, os dados mostram a recuperação da capacidade do Estado de investir. Ele
enfatizou que a execução geral
dos gastos está dentro do previsto. "Não estamos tendo nenhum tipo de retenção para influenciar no resultado [primário]." Em abril, o superávit primário foi o maior do ano -R$
14,499 bilhões, R$ 10,5 bilhões
acima do registrado em março.
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