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Justiça dá até novembro para Varig retomar rotas
Prazo concedido por juiz do Rio contraria a Anac, que previa o dia 18 deste mês
Decisão marca mais um episódio nas divergências entre a Justiça e a agência; manter rotas internacionais é um dos atrativos da Varig
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O juiz Luiz Roberto Ayoub,
responsável pelo processo de
recuperação da Varig, definiu
que a companhia aérea terá até
novembro para retomar as rotas internacionais. A decisão
contraria disposição da Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil), que havia negado a extensão de prazo pedida pela
Gol, nova dona da Varig, e determinado o dia 18 deste mês
como data limite.
A decisão marca mais um
episódio nas divergências entre
a Justiça do Rio e a agência. A
manutenção das linhas internacionais é um dos principais
atrativos da Varig, que, no passado, foi a principal empresa de
bandeira brasileira no exterior.
As rotas domésticas e internacionais foram incluídas como ativos no seu leilão de venda para preservar o valor da
companhia, embora sejam, na
prática, concessões. Como a
discussão sobre as rotas está relacionada aos bens vendidos no
leilão, a questão passa pela análise da 1ª Vara Empresarial do
Rio de Janeiro.
A agência não quis se pronunciar. Segundo a assessoria,
a Anac ainda não foi informada
oficialmente da decisão. A reviravolta no caso não surpreendeu o mercado.
"A Gol não ia desistir depois
de pagar US$ 320 milhões. O
mais importante é que a Varig
tem agora uma programação de
chegada de novas aeronaves",
afirmou Paulo Bittencourt
Sampaio, consultor especializado em aviação.
Segundo Sampaio, a Varig
tem previsão de receber 14
Boeing-767 neste ano e no próximo, além de 9 Boeing-737/
800. "Desse total, 5 virão da
Ryanair, 2 de uma empresa da
Turquia e 2 de uma empresa indiana. Conseguir o arrendamento de 23 aviões no total, em
um cenário de demanda aquecida, é um feito", disse.
Prazo de 180 dias
As normas da Anac determinam que qualquer companhia
aérea tem prazo de 180 dias para operar vôos internacionais a
partir da sua homologação como empresa de transporte aéreo. No caso da nova Varig, isso
ocorreu em dezembro. A discussão sobre o destino das linhas da empresa para as principais capitais européias e para
os EUA, no entanto, arrasta-se
desde maio do ano passado.
Segundo Ayoub, o prazo só
deve começar a contar a partir
de maio deste ano. Em entrevista à Folha, o juiz afirmou
que a agência descumpriu uma
decisão da Justiça, de novembro do ano passado, que mandava a Anac informar aos países as designações de rotas que
a nova Varig tinha interesse em
operar.
"Se ela [Anac] tivesse cumprido a decisão, o prazo começaria a contar a partir da homologação, em dezembro. Não estou estendendo o prazo", disse.
Na decisão, o juiz fala em
"omissão" da agência no cumprimento da tarefa. "As autoridades internacionais não conhecem a nova designação, inviabilizando o retorno das operações. Inconcebível, assim,
imaginar que o prazo, sem a designação, começasse a fluir. O
certificado de habilitação, sem
a designação, nada representa", afirma. Em maio, a nova
Varig recebeu designações para
Espanha, França, Inglaterra,
Itália e México.
O juiz defende ainda que a
decisão é de interesse público,
na medida em que a Gol já se
comprometeu a contratar antigos funcionários da Varig.
Além disso, destaca que a retomada das atividades da Varig
trará mais divisas para o país, já
que uma parcela expressiva do
mercado foi conquistada por
empresas estrangeiras desde
que a crise da companhia se
acentuou.
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