São Paulo, segunda-feira, 01 de junho de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Perdas levam milionários a contratar gestores próprios

A designer carioca I.P., 50 anos, herdou sua fortuna do pai, um economista conceituado que ergueu um patrimônio de oito dígitos em 50 anos como funcionário de carreira do Banco Central. "Também perdi dinheiro com a crise", diz a empresária. "Mas teria sido pior se tivesse deixado meu dinheiro nas mãos dos administradores dos bancos, que só tentam me empurrar fundos arriscados. Cansei de receber propostas de multimercado nos últimos meses. Esse produto é bom para o gestor, que recebe comissão sobre o retorno, não para mim."
I.P. aceitou conversar com a Folha, desde que sua identidade fosse preservada. Ela faz parte de um grupo que decidiu escapar dos conflitos de interesse com as instituições financeiras e buscar atendimento customizado. Por isso, I.P. acabou contratando o Naopim, uma "multi family office".
Em geral, empresas como essa evoluíram a partir de uma "family office", escritórios criados pelos milionários, que contrataram no mercado financeiro profissionais de sua confiança para administrar seu patrimônio. Esses gestores passaram a ganhar salários fixos e comissões sobre o desempenho total do patrimônio, nunca sobre os fundos isoladamente. "Isso diminui o conflito de interesse", diz José Guimarães Monforte que, em 1998, tornou-se sócio dos donos da Natura na Janos. Em 2007, essa "family office" originou a Pragma, uma "multi family office", que hoje atende 15 clientes.
Estima-se que existam cerca de 60 "family offices" no Brasil e mais uma centena de "multi family offices". Essas empresas esperam aumentar em até 15% o número de clientes nos próximos anos, devido às perdas registradas pelos investimentos administrados pelos bancos.
"Nas "multi family offices" a gestão é compartilhada e há isenção", diz Francisco Cittadino, do Naopim. "Não temos fundos a oferecer. Só recomendamos o que tem mais a ver com o perfil do cliente. Ele decide e mexe com o dinheiro."
Para se ter ideia do que significa, em julho de 2007, os clientes da Pragma já tinham sido aconselhados por relatórios internos elaborados pela equipe de analistas da consultoria a reduzir os papéis de alto risco (ações e multimercado, principalmente) para, pelo menos, 50% da carteira. "Essa era uma crise anunciada", diz Monforte.

NA CAIXA

A Enoteca Fasano acaba de lançar a Selezione Fasano, uma seleção de vinhos exclusiva da importadora, que contém cinco de seus melhores italianos, que representam diferentes regiões do país. A lista foi escolhida pelos sommeliers do grupo. Os vinhos foram embalados com um rótulo personalizado da grife Selezione Fasano. A seleção completa e armazenada em uma caixa de madeira custa R$1.332, mas as garrafas também poderão ser vendidas separadamente.

MARCA
A logomarca oficial da cidade de São Paulo para a Copa de 2014 estará presente, a partir de agora, em todo material de comunicação do mundial que mencionar a capital paulista. O trabalho é assinado pela MPM Propaganda e foi encomendado pela São Paulo Turismo, cliente da agência.

VITRINE
A Kingston, líder mundial na fabricação de memórias para computador (incluindo pen drives), vai abrir duas lojas-conceito. A primeira será na galeria Continental, em São Paulo, na região da rua Santa Ifigênia. A outra será no Infocentro, no Rio de Janeiro. Nenhuma venderá produtos. A ideia é utilizá-las como vitrines para firmar a marca, que voltou a ser alvo de piratas em todo o país.

VERDE
A rede Mundo Verde planeja abrir dez novas lojas neste ano em São Paulo. Nos próximos dias, abre em Vila Leopoldina.

ROUPA NOVA
A marca de roupas TNG vai reformar o ambiente de suas 132 lojas neste ano.

Tendência no Cade é aprovar com restrição

A decisão mais provável do Cade sobre a fusão da Sadia com a Perdigão é que o órgão aprove o negócio parcialmente. Segundo levantamento do escritório Sampaio Ferraz, a maioria das operações foi aceita, mas precisou de ajustes, geralmente a venda de ativos.
Das 12 operações mapeadas pelo escritório, o Cade rejeitou três, aprovou quatro sem restrições relevantes e outras cinco com a obrigação de venda de ativos.
Para Juliano Maranhão, sócio do Sampaio Ferraz, a desconstituição total do negócio é uma decisão radical. O provável é uma aprovação com restrições. "Isso já é uma mão pesada, que diminui o valor do negócio."

TIRO DE META
A Aon, especializada em consultoria de riscos, benefícios e corretagem de seguros e resseguros, acaba de anunciar o fechamento do patrocínio do time inglês Manchester United, a partir de 1º de janeiro de 2010. O time mais valioso da atualidade antes era patrocinado pela AIG, seguradora que esteve no epicentro da crise.

RELATÓRIO
No último ano houve um aumento de aproximadamente 70% no número de companhias no país que elaboram seus relatórios de sustentabilidade de acordo com a GRI (Global Reporting Initiative), um dos principais padrões de redação da publicação no mundo. A partir deste ano, o Corinthians também passa a produzir esse tipo de relatório.



com JOANA CUNHA,MARINA GAZZONI e JULIO WIZIACK


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