São Paulo, segunda-feira, 01 de junho de 2009

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análise

Crise expõe fim de uma era nos EUA


DO "FINANCIAL TIMES"

Não é coincidência o Século Americano ter coincidido com a ascensão e queda da General Motors, que tinha se tornado a maior e a mais lucrativa empresa do mundo quando atingiu a meia-idade.
O choque da queda da GM foi amortecido por outros colapsos corporativos espetaculares e outros socorros multibilionários com dinheiro do contribuinte. Mas, embora a frase "o fim de uma era" tenha ficado gasta ultimamente, ela certamente se aplica neste caso.
Se você dissesse a um americano 50 anos atrás que mais carros seriam vendidos na "China vermelha" do que nos EUA e que a GM quebraria e seria salva por dinheiro do governo em boa parte emprestado de Pequim, ele questionaria sua sanidade.
As mudanças que tornaram esses acontecimentos realidade foram em geral muito graduais para serem compreendidas. A GM pode ter passado um ano ruim, sofrido uma greve dolorosa ou perdido fatias do mercado para uma companhia japonesa de nome estranho, mas sua solidez era artigo de fé, mesmo quando passou de caso de estudo sobre eficiência corporativa a caso sobre gestão esclerosada.
Às vésperas da primeira crise de energia, nos anos 1970, quase a metade dos carros vendidos nos maiores mercados mundiais era ainda fabricada pela GM. Mas acordos trabalhistas rígidos, ávidos competidores e décadas de liderança sem visão de longo prazo e sem criatividade cobraram seu preço.
A reemergência da GM como uma corporação renovada e reduzida é muito provável, dados os enormes capitais financeiros e políticos comprometidos com ela. Sem o peso de sua dívida e de suas revendedoras mais fracas, a nova GM pode começar a fazer dinheiro desde o início. Mas lucrar após a concordata é mais fácil do que reverter décadas de declínio.
Poderão existir fabricantes de carros com sede nos EUA daqui a algumas décadas, mas, infelizmente, as mudanças sendo impostas pela nova tutela do Estado são muito suaves, e os rivais asiáticos ascendentes são mais avançados para permitir que a GM se torne mais do que uma sombra em relação à sua antiga dominação.



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