São Paulo, segunda-feira, 01 de junho de 2009

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Queda do dólar faz turista reavaliar férias

Pacotes para o exterior se tornam mais atrativos com a desvalorização da moeda norte-americana nos últimos meses

Especialistas recomendam cautela com gastos no cartão e que divisas como cheque de viagem sejam adquiridas aos poucos

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

A forte queda do dólar nas últimas semanas está fazendo muita gente reavaliar seus projetos para as férias de julho, que ficaram mais baratas.
Quando a moeda americana disparou, a partir de setembro do ano passado, com o recrudescimento da crise, quem pensava em passar o final de ano no exterior mudou de ideia e preferiu curtir viagens pelo Brasil mesmo, devido ao medo de que as suas despesas fora do país explodissem. Agora, os pacotes para Disney ou Europa não parecem mais tão proibitivos como alguns meses atrás.
Cautela no planejamento é essencial para evitar dores de cabeça que estraguem o passeio, avisam os analistas.
Geralmente, os preços das viagens para o exterior são definidos em dólar, convertidos em real no ato do fechamento do contrato e divididos em parcelas fixas, mas é bom conferir com o agente se mudanças nas cotações da moeda americana alteram de alguma maneira os valores a pagar no futuro.
Pode-se sim aproveitar a desvalorização do dólar para começar a comprar o dinheiro que será gasto no destino. Porém, como o mercado cambial está sujeito a oscilações bruscas -nada garante, neste cenário de crise internacional, que a moeda continuará caindo, embora seja a aposta dos economistas-, a melhor estratégia, segundo os consultores financeiros, é adquirir divisas aos poucos, em papel-moeda, cheque de viagem e cartões pré-pagos. Dessa forma, foge-se de cotações extremas.
Também é preciso cuidado com os gastos no cartão de crédito. A fatura considera o valor do dólar na data do seu fechamento; porém, se na hora da quitação a moeda tiver subido (ou caído), a diferença aparecerá no extrato do mês seguinte.
Outra dúvida que surge quando as cotações do dólar mudam de patamar diz respeito a aplicar dinheiro na moeda como forma de investimento.
Não é uma boa ideia, segundo especialistas. "A divisa é flutuante e sempre será. Por isso, não faz sentido colocar seu patrimônio em moeda", diz Luiz Jurandir Simões, professor da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras). "A única hipótese em que é saudável investir em dólar é quando se tem um objetivo claro diretamente vinculado às cotações."
Esse objetivo pode ser um intercâmbio de estudos no exterior alguns meses à frente, por exemplo. Ou, no caso de um empresário, a compra de máquinas importadas. Se as cotações variarem até o momento de concretização da meta, o investidor estará protegido.
"Fora isso, é arriscado demais. Se nem os grandes investidores e os bancos conseguem acertar as variações de cotação, imagine os pequenos", comenta Simões.
Para quem precisa acompanhar as variações, os fundos cambiais são uma opção. Não andam muito populares ultimamente, é verdade, por causa da queda da moeda e da maior estabilidade relativa do país. Antes, as crises causavam estragos superiores aos que esta tem provocado. Aí, a aplicação em dólar devolvia bons rendimentos ao investidor.
Neste ano, até abril, esses fundos tiveram resgates líquidos (aplicações menos saques) de R$ 46,78 milhões, o equivalente a quase 16% do seu patrimônio. A rentabilidade depende de cada produto. Porém, de três anos para cá, somente 2008 registrou uma elevação do dólar comercial, de 31,94%. Em 2006, houve depreciação de 8,66%; em 2007, de 17,15%. Em 2009, a baixa chega a 16%.


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