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Crise adia meta de investimentos em 2 anos
Volume de projetos previsto originalmente para 2010 só será atingido em 2012, revela novo levantamento do BNDES
Quadro de retração só não
é pior porque setores de petróleo, energia e telefonia vão manter ou até ampliar os investimentos no país
MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise internacional vai
adiar em dois anos o avanço
programado da taxa de investimentos no Brasil. É o que mostra um levantamento da área de
pesquisa econômica do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O estudo foi feito com base
em investimentos anunciados
ou cancelados por empresas
privadas e públicas desde a
quebra do banco Lehman Brothers, em setembro de 2008.
Quando anunciaram a política industrial do governo, em junho de 2008, o ministro Miguel
Jorge (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e
o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, previram que a
taxa de investimentos subiria
dos atuais 19% para 21% do PIB
em 2010. Com os efeitos mais
claros da crise, o BNDES mudou sua previsão. A taxa de investimentos não irá cair, o que
já é um ótimo sinal. Mas o patamar de 21% só virá em 2012, segundo o novo cálculo do banco.
"O levantamento dos projetos de investimentos da economia brasileira indica que a crise
internacional deve adiar em
dois anos o alcance desse percentual, anteriormente previsto para 2010", afirma o estudo.
Gargalos
A taxa de investimentos é
crucial para a solução de gargalos produtivos na economia.
Sua expansão permite que os
países cresçam de forma sustentável, sem inflação ou, por
exemplo, apagão de energia.
De 2006 a meados do segundo semestre de 2008, os investimentos cresceram acima do
PIB, "configurando o mais longo e vigoroso ciclo dos últimos
trinta anos." Em 2008, a taxa
foi de 19% do PIB.
"A crise representa séria
ameaça à continuidade do ciclo
de investimentos, especialmente em função da queda nos
preços internacionais das commodities e da deterioração das
condições internas de crédito",
dizem os autores do estudo, os
economistas Fernando Puga e
Gilberto Borça Junior.
Este quadro só não é pior, segundo o BNDES, porque alguns
setores industriais formaram
um bloco de investimentos
avesso ao impacto da crise (veja
texto ao lado). Esse bloco, segundo o banco, deverá assegurar, ainda que com um atraso
de dois anos, a trajetória de longo prazo dos projetos de ampliação de fábricas, de construção de rodovias e hidrelétricas
e da compra de máquinas.
Setores prejudicados
O impacto da crise deverá ser
especialmente negativo nos setor de siderurgia, papel e celulose e extração e mineração.
Para o prazo entre 2009-2102,
os investimentos mapeados em
siderurgia caíram de R$ 61 bilhões para R$ 25 bilhões. Em
mineração, de R$ 72 bilhões
para R$ 48 bilhões. No setor de
papel e celulose, de R$ 27 bilhões para R$ 9 bilhões.
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