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Regras preocupam multinacionais
da Sucursal de Brasília
As multinacionais interessadas
na privatização da Telebrás estão
preocupadas com os critérios para
compra de equipamentos e de serviços estabelecidos pela Anatel.
Como a atividade exige tecnologia de última geração, essas empresas avaliam que suas compras
não podem ser submetidas a critérios burocráticos que desconsiderem a atualidade tecnológica do
setor e a compatibilidade técnica
com os equipamentos que já possuem.
Representantes dessas multinacionais, que pediram que seus nomes não fossem revelados, afirmam que a obrigatoriedade de
consultar fornecedores nacionais
e a opção preferencial por equipamentos produzidos no país "é
uma proteção à incompetência".
A Folha apurou que essas empresas já discutem maneiras de
burlar essas regras, que estarão
nos contratos de concessão que
serão assinados entre a Anatel e as
operadoras do Sistema Telebrás.
Como seus contratos com terceiros não são documentos públicos, elas poderão conduzir suas
compras com o objetivo de privilegiar fornecedores específicos.
Por exemplo: recolher as ofertas
de empresas brasileiras e apresentá-las aos seus fornecedores tradicionais, que, por sua vez, poderão
oferecer produtos com preços menores que os dos concorrentes.
A Anatel fez três alterações nos
critérios de compra do Sistema
Telebrás antes de divulgar, na última quinta-feira, a versão final que
estará nos contratos de concessão
do setor de telecomunicações.
Na primeira versão, ela determinou que os equipamentos com
tecnologia nacional receberiam,
no mínimo, entre 5% e 10% dos
investimentos anuais das operadoras.
Esses percentuais foram abolidos, mas permaneceu o compromisso de adquirir equipamentos e
serviços produzidos no país e com
tecnologia nacional -desde que
possuam preços, prazos e qualidade equivalentes aos importados.
Na terceira versão, a Anatel acabou com a consulta obrigatória
aos fornecedores nacionais. Na
quarta e última versão do documento, a agência reintroduziu a
consulta obrigatória.
Sem denúncias
O assunto vem preocupando o
ministro Luiz Carlos Mendonça
de Barros (Comunicações), que
quer evitar denúncias de protecionismo contra o Brasil na Organização Mundial do Comércio.
Segundo ele, as regras adotadas
são semelhantes a critérios em vigor na União Européia e nos Estados Unidos -o que impediria
eventuais sanções contra o Brasil.
(FERNANDO GODINHO)
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