São Paulo, sábado, 01 de julho de 2006

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Consumidor dos Brics tem apego a valores conservadores, diz Ibope

Estudo diagnostica que empresas devem fazer ações de "marketing família"

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O mundo em 2050 deve ter como principais atores econômicos os Brics (sigla em inglês para Brasil, Rússia, Índia e China), mas essa nova configuração não deverá se traduzir em uma revolução no cultural nos hábitos de consumo.
O resultado desse prognóstico é que as empresas que quiserem cativar os consumidores dessas novas potências mundiais deverão investir em ações de marketing com valores conservadores, como apego à família. A conclusão é de um estudo realizado em parceria com o Ibope o grupo britânico KMR.
"No Brasil, é um valor importante ser atraente para o sexo oposto e isso se reflete na publicidade, mas na China isso é um tabu", afirmou Roberto Lobl, diretor de negócios do Ibope e um dos responsáveis pelo estudo. Por causa dessas diferenças comportamentais, diz, "quando se fala em Brics, temos que olhar para cada um desses mercados de forma individual, mas quem quiser atuar de forma mais global correrá menos riscos de relacionar as suas marcas a valores conservadores.
Segundo Lobl, as empresas estão procurando conhecer melhor a clientela desses países hoje para garantir o espaço nesses mercados na data longínqua de 2050.

Guerra
Essa guerra é travada nos detalhes. Enquanto no Brasil os consumidores preferem pastas de dente com sabores mentolados e refrescantes, na China a preferência é por um gosto salgado no creme dental. "Culturalmente, o Brasil é mais próximo de padrões de consumo ocidentais. Isso faz com que as estratégias de marketing aqui sejam um pouco mais livres", ponderou Lobl.
A tese de que o mundo daqui a 45 anos será liderado pelos integrantes do Bric é sustentada pelo do banco Goldman Sachs. Na comparação entre indicadores econômicos, no entanto, o Brasil sai perdendo no quesito das taxas de crescimento. Para este ano, a expectativa de expansão do PIB (Produto Interno Bruto Brasileiro) oscila entre 3,5% e 4%. Já, para China, essa estimativa beira os 10%.
Na questão educacional, o Brasil também leva a pior. De acordo com o estudo do Ibope, 45% dos brasileiros têm nível educacional até o ensino primário completo. Nos demais países nos Brics, esse percentual é de apenas 2%.
"Essa diferença explica porque o índice de leitura nos jornais é tão baixo e também pesa nas decisões das empresas", disse Lobl.


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