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Sucessor de Rodrigues fala em continuísmo
Lula pede a Guedes ampliação do diálogo com todos os setores da agricultura; UDR critica "fortes ligações com o MST'
Após último encontro com ministro demissionário, presidente libera mais
R$ 42,6 milhões para
o seguro agrícola
CLÁUDIA DIANNI
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O secretário-executivo do
Ministério da Agricultura, Luís
Carlos Guedes Pinto, vai substituir o ministro Roberto Rodrigues, que pediu demissão na
quarta-feira. Apesar dos rumores de que o cargo poderia ser
oferecido ao PMDB, Guedes
era o nome mais cotado.
O convite foi formalizado ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na última reunião dele com Rodrigues. Guedes assume na segunda-feira.
Lula cobrou do novo ministro a ampliação do diálogo com
todos os setores da agricultura
nacional. A preocupação de Lula é que a antiga ligação de Guedes com os movimentos sociais
do campo, entre os quais o MST
(Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), faça recrudescer a relação já conflitante do governo petista com o
setor patronal da agricultura e
suas entidades, como a CNA
(Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil).
Os fazendeiros, que dizem
enfrentar uma crise sem precedentes, estão insatisfeitos pela
recusa do governo de renegociar o total das dívidas do setor.
O presidente nacional da
UDR (União Democrática Ruralista), Luiz Antonio Nabhan
Garcia, demonstrou sua irritação com a confirmação de Guedes no cargo. "Foi um erro o
presidente Lula escolher um
homem que, embora técnico,
tenha fortes ligações de amizade e ideologia com o MST."
A indicação foi comemorada
no Ministério do Desenvolvimento Agrário e no Incra (Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária). A avaliação
é que Guedes possa atrair a
agricultura familiar (sob responsabilidade de Guilherme
Cassel) para ações conjuntas
com a agricultura patronal, como pesquisas na Embrapa e comércio exterior.
A substituição de Rodrigues
foi anunciada pelo ministro das
Relações Institucionais, Tarso
Genro. Ele afirmou que Guedes
seguirá a mesma linha "técnica
e política"do ministro Rodrigues e, por isso, não haverá ruptura no ministério.
"É um enorme desafio substituir o ministro Roberto Rodrigues, que é uma das figuras
mais preparadas do país para
tratar dos temas relativos à
Agricultura", afirmou Guedes.
Ele disse que vai dar seguimento às diretrizes do ministro Rodrigues, que deixou o órgão "no
caminho correto".
Marcado pelas divergências
com a área macroeconômica do
governo por causa da falta de
recursos, a gestão de Rodrigues
acabou com liberação de verba
em seu último dia como ministro. Segundo Guedes, durante a
reunião, Lula autorizou um reforço de R$ 42,6 milhões para
reforçar o prêmio do seguro
agrícola e prometeu rever o valor se a demanda for grande.
O recurso já estava previsto
mas acabou sendo cortado pela
área econômica.
Segundo Guedes, um dos temas tratados com o presidente
ontem foram as medidas estruturais que ficaram pendentes,
como mudanças tributárias e
fórmulas para garantir a renda
dos produtores. Seus principais
objetivos como ministro, disse
Guedes, será aumentar o ritmo
de produção e exportação e
manter o diálogo com os vários
setores produtivos.
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