São Paulo, terça-feira, 01 de julho de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Para Fiesp, BC erra no diagnóstico da inflação

Nos dois últimos relatórios de inflação, o Banco Central tem afirmado que a oferta da indústria não estaria apta a atender o crescimento da demanda. O relatório do dia 25 de junho foi ainda mais enfático ao dizer que "o maior risco, porém, advém dos preços industriais, pois, além de se localizarem mais próximos da etapa do consumo final e, por conseguinte, transmitirem-se mais rapidamente para os preços do consumidor, costumam mostrar maior persistência".
A Fiesp considera um erro esse diagnóstico do Banco Central. Segundo estudo do departamento de pesquisas e estudos econômicos da entidade, os dados mostram que os investimentos industriais estão ocorrendo e se maturando em tempo hábil.
Ao apontar suas baterias contra os preços industriais, o Banco Central usa como parâmetro a variação do IPA (Índice de Preços por Atacado), da Fundação Getulio Vargas. O IPA total registrou até maio uma elevação de 15,36% no acumulado dos últimos 12 meses. Já o IPA da indústria de transformação, de 9,08%.
O trabalho da Fiesp mostra, porém, que, dos 20 itens que compõem o IPA, apenas quatro registram uma alta de preços acima da média da indústria. São exatamente os setores mais atingidos diretamente pela alta de preços global.
A inflação dos produtos alimentícios e bebidas, derivados de petróleo, químicos e metalurgia básica está em 14,8%, no acumulado de 12 meses até maio deste ano. Só o grupo alimentos e bebidas registrou alta de 20,26%. Já os 16 itens restantes registram uma inflação de 3,2%.
O problema é que esses quatro setores têm um peso muito grande na indústria de transformação. Eles representam praticamente a metade da indústria e é isso que faz com que o IPA industrial fique em um patamar tão elevado.
Para a Fiesp, os preços industriais do atacado continuam bem comportados, assim como os preços industriais relacionados ao índice de preços ao consumidor. Os preços industriais no IPCA registram uma alta até maio de 3,6%, portanto abaixo da meta de 4,5%.
O estudo da Fiesp chama a atenção também para alguns setores que crescem a taxas superiores a 20%, mas que apresentam uma variação de preços abaixo da média do IPCA. Exemplos: equipamentos de informática (-18,51% no acumulado de 12 meses); artigos de vestuário (3,22%); borracha e material plástico (-1,80%); máquinas e equipamentos (2,08%) e veículos automotores (4,15%).
Segundo o empresário Paulo Francini, diretor do departamento de pesquisas e estudos econômicos da Fiesp, o objetivo do trabalho é o de mostrar que a indústria não é a principal causa da inflação, como o Banco Central e muitos analistas têm dito ultimamente. A indústria até, de acordo com o estudo, está ajudando no controle da inflação.
Francini afirma ainda que não é contra a política de combate à inflação pelo Banco Central com o uso do instrumento da elevação dos juros, até porque é a única ferramenta de que dispõe a autoridade monetária. O que ele não aceita, no entanto, é ser responsabilizado pelas pressões inflacionárias.
"Somos solidários no combate à inflação, mas o que não queremos é levar a pecha de causadores da inflação", diz Francini.

PRESCRIÇÃO MÉDICA
O setor de genéricos movimentou US$ 802 milhões de janeiro a maio. Foram comercializados 105 milhões de unidades de medicamentos, com alta de 47,5% em faturamento e 16,5% em unidades ante o mesmo período de 2007. O resultado dos fabricantes de genéricos pode ter estimulado o desempenho do mercado farmacêutico total, que cresceu 6,8% em volume no período. Segundo Odnir Finotti, vice-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos, os números refletem "a melhora no rendimento das famílias, sobretudo na baixa renda, que vem introduzindo uma nova fatia de consumidores ao mercado farmacêutico e os genéricos são a porta de entrada", diz.

SEM FREIO
A indústria automobilística mantém o pé no acelerador. No dia 15 de setembro, a Volkswagen Caminhões e Ônibus começará a operar, pela primeira vez na sua história, em regime de terceiro turno. O investimento é de R$ 50 milhões e serão contratados mais mil funcionários, a maioria de Resende, onde está instalada a fábrica. A produção salta de 185 para 240 caminhões por dia. O anúncio do novo turno será feito pelo presidente da Volks Caminhões e Ônibus, Roberto Cortes, na próxima semana.

PORTA FECHADA
A Wachovia Securities, do banco americano Wachovia -o quarto maior dos EUA, às voltas com a crise do "subprime"-, comunicou, em videoconferência na sexta, no hotel Transamérica, em São Paulo, que encerra atividades no Brasil. Uma advogada do escritório Pinheiro Neto deve cuidar das demissões. O banco ofereceu recolocação para alguns profissionais, que podem ser aproveitados no Uruguai, em Nova York ou em Miami.

PANOS QUENTES
Em junho, a venda no comércio atacadista de tecidos de SP subiu 2%, ante maio, diz o sindicato do setor.

ANDAIME
O grupo Mills acaba de adquirir a Andaimes Jahu, fornecedora de andaimes e escoramentos leves para a região centro-sul do Brasil. O grupo espera que o negócio permita à Jahu dobrar seus investimentos em novos produtos e equipamentos e faz parte do pacote de R$ 200 milhões que a Mills aportará nas suas divisões até o final do ano.

PAULISTA
O banco Cédula abre hoje escritório em São Paulo. Uma das estratégias do banco é crescer no mercado de crédito -o objetivo é dobrar a carteira, que atualmente está em R$ 200 milhões.

MEDALHA
Marta Schonhorst, ex-coordenadora de ginástica rítmica da Confederação Brasileira de Ginástica entre 2005 e 2008, lança o livro "Diário de Construção de um Time" (Editora Canal Certo, 100 págs.). No livro, Schonhorst faz uma comparação entre a gestão de equipes dentro das empresas e o treinamento dos atletas que praticam a ginástica rítmica.


com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI


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