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Para evitar subir juro, governo mantém meta de inflação
BC queria aproveitar a crise para baixar o parâmetro de 4,5% para 4% ao ano
Meta menor poderia obrigar
o BC a elevar os juros em
2010 para desaquecer a
economia e conter a inflação,
provocando danos eleitorais
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O medo de ter que subir os
juros no ano que vem, em meio
à disputa eleitoral, fez com que
o governo mantivesse em 4,5%
a meta para a inflação em 2011.
Na prática, o IPCA, índice usado como referência pela equipe
econômica, poderá variar de
2,5% a 6,5% ao ano, por causa
do intervalo de dois pontos percentuais aceito pelo governo.
Os valores foram confirmados,
ontem, pelo CMN (Conselho
Monetário Nacional).
A definição da meta em 4,5%
ao ano vinha sendo discutida
pela equipe econômica sem
consenso. Nos debates, a Fazenda defendeu não alterar a
meta. O BC queria aproveitar a
crise econômica para reduzir a
inflação para 4% ao ano.
A expectativa do ministério é
que, no último trimestre, a economia esteja crescendo perto
de 4% ao ano. Isso significará
uma recuperação acelerada em
relação ao desempenho dos
meses anteriores, mas não será
suficiente para compensar o
impacto da crise econômica.
Nesse cenário, uma inflação
de 4,5% em 2011 deixará uma
margem de manobra maior para o BC (Banco Central) agir
nos juros. Se a velocidade de retomada esperada pelo governo
se confirmar, o BC não precisará ser tão rigoroso nos aumentos da taxa de juros porque poderá acomodar parte da alta de
preços na própria meta.
A definição da taxa Selic, referência básica na economia,
depende da meta fixada pelo
CMN. Se houver alta de preços
e a meta para a inflação for
muito baixa, os juros tendem a
subir mais para frear a economia e os reajustes. O contrário
ocorre com uma meta maior.
Para afetar a inflação de 2011,
o BC teria que mexer nos juros
a partir do fim do primeiro trimestre de 2010. Isso porque leva tempo para que aumentos
ou reduções na Selic tenham
impacto sobre a economia real.
O anúncio da decisão, tomada ontem pelos ministros Paulo
Bernardo (Planejamento),
Mantega e Henrique Meirelles
(presidente do Banco Central),
foi feito de forma inusitada. Nenhum dos ministros, diferentemente de anos anteriores, deu
entrevista.
No início da noite, o Ministério da Fazenda divulgou nota
justificando que um dos motivos do "sucesso" do regime de
metas no Brasil foi a definição
de uma inflação "compatível
com a realidade nacional e capaz de absorver flutuações não
antecipadas na economia mundial". O texto também destacou
que é preciso ter flexibilidade
para acomodar "situações extraordinárias" e que uma meta
restritiva pode ser prejudicial
"à administração da política
monetária, como ocorreu entre
2001 e 2003", quando a inflação ficou acima do teto fixado.
O CMN aprovou ainda mudanças nas regras de funcionamento das agências de fomento
que permitirão a elas aumentar
sua atuação. Isso porque, além
de atuar com câmbio e operações de leasing, elas poderão
repassar recursos do FGTS e do
FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e deter participações
acionárias em empresas nacionais que não sejam públicas.
Também foi prorrogada uma
regra que, na prática, permite
aos bancos não comprometerem um dos seus limites de risco estabelecidos pelo BC com a
compra de folha de pagamento.
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