São Paulo, quarta-feira, 01 de julho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Aplicações que pagam juro lideram ranking em junho

Bolsa é o pior investimento do mês, com desvalorização de 3,26%; dólar cai 0,30%

Com queda na taxa Selic, rendimento da caderneta se aproxima do dos fundos; investidor deve estar atento para taxas de administração


Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
Operadores no último dia de negociações viva-voz na Bolsa de Valores; com profissão extinta, muitos estão desempregados

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O investidor viu em junho o estreitamento da diferença entre a rentabilidade dos fundos DI e de renda fixa (que rendem juros) e a da poupança. Com a redução da taxa básica da economia para 9,25% ao ano, os juros oferecidos pelos fundos encolheram mais um pouco, fortalecendo a concorrente caderneta de poupança.
No mês que se encerrou, os fundos DI, que são os que acompanham mais de perto a oscilação da taxa básica Selic, tiveram rendimento bruto (sem descontar a taxa de administração e o Imposto de Renda) de 0,77%. A poupança rendeu 0,57%. Em janeiro, o DI havia pago 1,06%, enquanto a caderneta rendera 0,69%. Ou seja, a vantagem que os fundos sempre tiveram tem encolhido rapidamente.
Com a rentabilidade menor dos fundos, os custos embutidos nessas aplicações passaram a ter mais peso para os investidores. Diferentemente da poupança, quem aplica em um fundo de investimento está sujeito ao pagamento de IR (que pode variar de 15% a 22,5%, dependendo do tempo de manutenção da aplicação) e à cobrança de uma taxa de administração.
A taxa de administração se tornou a grande vilã do mercado. Essa taxa, presente em todos os fundos, tem oscilado normalmente entre 1% e 3% ao ano -mas há casos em que é bem mais elevada.
"As taxas cobradas nos fundos começam a ter um impacto maior sobre o ganho final a partir de agora, com a Selic a 9,25% anuais. Nesse nível, apenas fundos com taxa de administração entre 0,5% e 1% ao ano vão dar retorno líquido melhor que o oferecido pelo poupança", avalia o administrador de investimentos Fábio Colombo.
"O problema é que o investidor que tem volumes menores para aplicar vai ter dificuldades de encontrar um fundo que cobre uma taxa tão baixa", diz.
No geral, as aplicações que pagam juros foram a melhor opção de junho. Isso porque a Bolsa de Valores encerrou o mês no vermelho, com desvalorização de 3,26%, e o dólar recuou 0,30%.
Uma outra alternativa de aplicação que rende juros são os CDBs (Certificados de Depósito Bancário, oferecidos pelos bancos a seus clientes). Vedete das aplicações em 2008, o CDB pagou na média 0,77% no mês.

Concorrência
Ao menos por enquanto a tão temida fuga de recursos para a poupança ainda não ocorreu. No mês passado, até o dia 24, a poupança registrava saída líquida de recursos de R$ 269,1 milhões, segundo levantamento do Banco Central.
Para os bancos, uma migração maciça dos fundos para a poupança não interessa, pois significa, antes de mais nada, a diminuição nos ganhos com a cobrança de taxa de administração. Para o governo, um movimento desse tipo também não é animador: os fundos estão entre os grandes compradores de títulos públicos, que o governo têm de vender para financiar sua dívida.
A Selic -definida pelo Banco Central e que serve de referência para outras taxas praticadas no mercado- foi reduzida de 13,75% para 9,25% neste ano. Como as carteiras dos fundos são formadas por títulos públicos e privados que acompanham a variação da Selic, os retornos oferecidos pelas aplicações têm diminuído.
O mercado espera que haja, no máximo, mais uma redução na taxa Selic neste ano, de 0,5 ponto percentual, o que levaria a taxa básica a 8,75% anuais. Ou seja, o retorno dos fundos estaria, como a taxa básica, perto de seu piso.


Texto Anterior: Vendas à vista no comércio de SP crescem até 3% em junho
Próximo Texto: Pregão viva-voz é extinto na Bolsa de São Paulo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.