São Paulo, quarta-feira, 01 de julho de 2009

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BNDES capta US$ 1 bi fora do país para reforçar caixa

Demanda pelos títulos foi de cerca de US$ 4 bilhões

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou ontem uma captação de US$ 1 bilhão no mercado internacional, com prazo de vencimento de dez anos. Os recursos são destinados a complementar o orçamento de empréstimos do banco para 2009, estimado entre R$ 100 bilhões e R$ 110 bilhões.
Denominados em dólar, os títulos pagarão juros de 6,5% ao ano -ou seja, superior à TJLP (Taxa de Juro de Longo Prazo), reduzida agora para 6% ao ano pelo governo.
Para o BNDES, a operação foi "excelente". "Apesar da instabilidade, as condições para o Brasil e para alguns nomes [de empresas] do país melhoraram muito no mercado externo", disse Marco Aurélio Cardoso, chefe do Departamento Internacional do BNDES.
A demanda pelos títulos chegou perto de US$ 4 bilhões, superando com folga o valor de fechamento da operação.
"Decidimos limitar em US$ 1 bilhão porque esse é um bom tamanho para dar liquidez aos papéis e para a dívida não pesar no balanço", disse Cardoso.
Historicamente, o BNDES sempre teve o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) como maior fonte de recursos. Nos anos 90, durante a gestão do PSDB, o banco se modernizou, procurou novas fontes de captação e lançou empréstimos corrigidos pela variação de uma cesta de moedas -com taxas mais voláteis do que a tradicional TJLP. Naquele período, o banco fez 22 emissões externas, somando US$ 6,4 bilhões.
Após uma longa ausência, de 2002 a 2007, o banco voltou ao mercado externo com a ida de Luciano Coutinho para a presidência da instituição. No ano passado, o BNDES realizou uma captação de US$ 1 bilhão.
Segundo Cardoso, a operação fechada ontem será provavelmente a única emissão do banco no mercado externo em 2009. Novas captações em dólar, diz, estão descartadas. Dependendo das condições, ele afirma que poderão ser feitas emissões em euros ou em ienes, mas não há nada definido.
A estratégia, diz, é realizar operações externas ao menos um vez por ano para dar "visibilidade ao BNDES" e ao papel da instituição de fomento.
Diante da crise e da necessidade de incentivar a economia, o BNDES teve seu caixa reforçado neste ano pelo governo. O Tesouro, por meio de mudanças contábeis, autorizou o banco a considerar como patrimônio líquido até R$ 11 bilhões que estavam inscritos como dívida com a União. Desse modo, o banco pôde ampliar seu orçamento de empréstimos, sem ferir regras de alavancagem estabelecidas pelo Banco Central.


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