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Alta do dólar influencia 20% dos componentes dos índices de inflação
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
Os produtos e serviços que podem sofrer impacto direto da alta
do dólar nos índices de preços ao
consumidor, como o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial
do país, respondem por cerca de
20% do peso total desses índices.
Há também impactos indiretos,
mas ainda assim o economista Salomão Quadros, coordenador de
Análises Econômicas da FGV
(Fundação Getúlio Vargas), avalia
que não há espaço para uma disparada inflacionária apenas por
causa do aumento da moeda
americana. Até porque, com a fraca atividade econômica, fica difícil vender produtos mais caros.
Para ele, o que vai acontecer será uma dificuldade crescente de o
governo manter a queda nos preços ao consumidor, como prevê o
regime de metas de inflação. Segundo Quadros, a tendência imediata é de que ocorra um descolamento entre os preços no atacado,
que sofrem impacto imediato da
alta do dólar, e os do varejo.
O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), calculado pela
FGV, é um índice misto, formado
por preços do atacado, do varejo e
da construção civil. Como sua alta
influencia muito o dólar, Quadros
diz que o descolamento já está
ocorrendo. Entre janeiro e julho,
o IGP-M subiu 5,50% -6,33% no
atacado e 3,80% no varejo.
Segundo o IBGE, responsável
pelo cálculo do IPCA, combustíveis, derivados de soja e de trigo,
alguns eletroeletrônicos, remédios e energia elétrica são os itens,
que, direta ou indiretamente,
mais estão sujeitos a impactos do
câmbio. Um levantamento feito
pela Folha mostra que esses itens
respondem por 19,81% do índice.
Há também outros produtos,
como os agrícolas em geral, que
podem sofrer algum tipo de influência por causa da alta dos fertilizantes, diretamente impactados pelo dólar no atacado.
Os técnicos do IBGE ressalvam
que mesmo nos 19,81%, há produtos ou serviços nos quais o impacto do câmbio é limitado.
Nem todos os remédios e nem
todos os eletroeletrônicos ficariam mais caros por causa do dólar. No caso da energia elétrica residencial, com peso de 4,16% no
IPCA, apenas a gerada em Itaipu
tem os preços atrelados ao dólar.
Isso representa cerca de 25% do
consumo na região Sudeste.
A energia sofre efeito do dólar
também por causa dos aumentos
de outros produtos no atacado.
Como o IGP-M é o indexador dos
contratos de distribuição e os preços no atacado correspondem a
60% do índice, a alta do dólar acaba impactando os preços da energia e de outros produtos que têm preços administrados.
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