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LATINOS EM TRANSE
Uruguaios fazem fila nos caixas eletrônicos temendo um "corralito"; país também espera dinheiro do FMI
Uruguai prorroga feriado bancário até sexta
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
O governo uruguaio decidiu estender pelo menos até o final desta semana o feriado bancário decretado anteontem para conter a
fuga de depósitos dos bancos.
Ontem, circularam boatos de
que o governo implementaria limitações para o saque dos depósitos ou de que os correntistas poderiam ser obrigados a receber títulos públicos em troca dos recursos depositados.
Revoltado, um grupo de uruguaios saqueou um supermercado de Montevidéu. Oito pessoas
foram presas pela polícia. Além
disso, as agências de classificação
de risco Fitch e Moody's rebaixaram de novo a nota do país.
O ministro Alejandro Atchugarry (Economia) tentou acalmar
os nervos e negou diversas vezes
que o governo tenha a intenção de
implantar um "corralito" (nome
dado pelos argentinos às restrições para saques) para evitar uma
nova corrida bancária.
Atchugarry não garantiu que os
bancos serão reabertos na próxima segunda-feira. Ele disse apenas que o país busca apoio para
"fortalecer o sistema financeiro" e
"defender os correntistas".
Uma missão uruguaia está em
Washington há uma semana para
negociar a liberação de mais recursos. Novas medidas econômicas só devem ser divulgadas pelo
governo após o FMI confirmar
um novo acordo.
Segundo a imprensa local, o
país estaria muito próximo de obter uma ajuda dos organismos financeiros internacionais de US$
1,5 bilhão, que chegaria ao país na
segunda-feira. Desse total, US$
700 milhões representariam o
adiantamento de um empréstimo
já acertado com o FMI e outros
US$ 800 milhões viriam de organismos internacionais e do G-7.
Além disso, o país já tinha conseguido no primeiro semestre
uma ajuda internacional de US$ 3
bilhões. Todos esses recursos devem garantir a devolução dos depósitos bancários aos correntistas, reforçar as reservas internacionais e garantir o pagamento da
dívida pública até o final de 2003.
Ontem, apesar do feriado bancário, os caixas automáticos de
Montevidéu permitiram o saque
de recursos até um limite de 5.000
pesos uruguaios (US$ 192). Houve filas de correntistas.
Sem liquidez no mercado e com
a expectativa de acordo com o
FMI, o dólar caiu 13,3%, vendido
a 26 pesos nas casas de câmbio
uruguaias. Para o ex-presidente
do BC uruguaio, Ramón Díaz, os
bancos voltarão a sofrer com a fuga de depósitos na próxima segunda-feira se o feriado for levantado. Para ele, nesse cenário o país
poderia chegar à moratória da dívida externa ou a impedir a saída
de recursos dos bancos por meio de um "corralito".
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