São Paulo, quinta-feira, 01 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VAREJO

Motivo é o não pagamento das dívidas, de mais de R$ 1 bi

Justiça decreta a falência da rede Arapuã; empresa deve recorrer

DA REPORTAGEM LOCAL

A Arapuã deve, definitivamente, fechar as portas. O juiz Rodrigo Colombini, da 6ª Vara Cível de São Paulo, decretou a falência da rede, com cem lojas e 2.000 empregados. A decisão foi tomada ontem, no fim da tarde. Os advogados da rede devem entrar hoje com recurso no Tribunal de Justiça para impedir o fim da empresa.
Segundo Colombini informou no processo, a companhia não arcou com as dívidas, que superam R$ 1 bilhão, "causando prejuízo à massa dos credores". Em junho de 1998, a família Simeira Jacob, dona da cadeia, entrou com pedido de concordata preventiva e se propunha a pagar a dívida em dois anos. O plano inicial era quitar 40% do débito no primeiro ano e 60% no segundo ano.
Mas não conseguiu. Apenas os credores com dívidas menores conseguiram receber os recursos.
A partir de agora, a estratégia é mostrar ao desembargador Silvio Marques, que deve apreciar o recurso dos advogados da rede, que é infundada a decretação da falência. Em primeiro lugar, os advogados devem ressaltar que a companhia é empregadora, gera receitas e teria condições de dar lucro. Será reforçado ainda o fato de que a cadeia conseguiu acordo com 90% dos credores e que eles são contra a falência da rede.
Essas questões já foram ressaltadas pela empresa durante o processo na Justiça, e não impediram a decretação da falência.
"A decisão é injusta e revela grande insensibilidade pois, com essa crise, podem ser eliminadas 2.000 vagas e pessoas deixarão de receber da noite para o dia", diz Ricardo Tepedino, do escritório de advocacia de Sérgio Bermudes.
Outro fator novo deve ser questionado pelos advogados da companhia. O juiz Colombini determinou que o síndico da massa falida -aquele que irá administrar a falência do grupo- será a empresa Evadin, a única que não aceitou acordo sobre as dívidas.
Normalmente, a empresa que é a comissária da concordata -no caso a Semp Toshiba- se torna o síndico da massa falida. O juiz justifica sua posição afirmando que isso foi feito "diante da proximidade de relacionamento entre a Semp Toshiba e a Arapuã". A rede tem uma dívida elevada -uma das mais altas- com a Semp Toshiba, a companhia que ajudou a costurar o acordo entre os credores e a cadeia varejista.
Segundo consta nos autos, a Evadin foi escolhida como o síndico da massa perante sua "postura de independência" no processo, informa o parecer de Colombini. Leo Kryss, dono da Evadin (Mitsubishi), tinha um bom relacionamento com a rede e era amigo de longa data da Família Jacob. Até, porém, a rede deixar de pagar seus fornecedores, segundo a Folha apurou.
A empresa nega ter qualquer relacionamento, além do comercial, com a rede e não comentou o processo judicial.
"De parabéns está a Evadin, mas nesse caso, ela não levará nem as batatas", diz Tepedino.
(ADRIANA MATTOS e FATIMA FERNANDES)

Texto Anterior: Quem conhece aprova, diz pesquisa
Próximo Texto: Carros: Governo reduz IPI de veículos para socorrer montadoras em crise
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.