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VAREJO
Motivo é o não pagamento das dívidas, de mais de R$ 1 bi
Justiça decreta a falência da rede Arapuã; empresa deve recorrer
DA REPORTAGEM LOCAL
A Arapuã deve, definitivamente, fechar as portas. O juiz Rodrigo
Colombini, da 6ª Vara Cível de
São Paulo, decretou a falência da
rede, com cem lojas e 2.000 empregados. A decisão foi tomada
ontem, no fim da tarde. Os advogados da rede devem entrar hoje
com recurso no Tribunal de Justiça para impedir o fim da empresa.
Segundo Colombini informou
no processo, a companhia não arcou com as dívidas, que superam
R$ 1 bilhão, "causando prejuízo à
massa dos credores". Em junho
de 1998, a família Simeira Jacob,
dona da cadeia, entrou com pedido de concordata preventiva e se
propunha a pagar a dívida em
dois anos. O plano inicial era quitar 40% do débito no primeiro
ano e 60% no segundo ano.
Mas não conseguiu. Apenas os
credores com dívidas menores
conseguiram receber os recursos.
A partir de agora, a estratégia é
mostrar ao desembargador Silvio
Marques, que deve apreciar o recurso dos advogados da rede, que
é infundada a decretação da falência. Em primeiro lugar, os advogados devem ressaltar que a companhia é empregadora, gera receitas e teria condições de dar lucro.
Será reforçado ainda o fato de que
a cadeia conseguiu acordo com
90% dos credores e que eles são
contra a falência da rede.
Essas questões já foram ressaltadas pela empresa durante o processo na Justiça, e não impediram
a decretação da falência.
"A decisão é injusta e revela
grande insensibilidade pois, com
essa crise, podem ser eliminadas
2.000 vagas e pessoas deixarão de
receber da noite para o dia", diz
Ricardo Tepedino, do escritório
de advocacia de Sérgio Bermudes.
Outro fator novo deve ser questionado pelos advogados da companhia. O juiz Colombini determinou que o síndico da massa falida -aquele que irá administrar
a falência do grupo- será a empresa Evadin, a única que não
aceitou acordo sobre as dívidas.
Normalmente, a empresa que é
a comissária da concordata -no
caso a Semp Toshiba- se torna o
síndico da massa falida. O juiz
justifica sua posição afirmando
que isso foi feito "diante da proximidade de relacionamento entre
a Semp Toshiba e a Arapuã". A rede tem uma dívida elevada
-uma das mais altas- com a
Semp Toshiba, a companhia que
ajudou a costurar o acordo entre
os credores e a cadeia varejista.
Segundo consta nos autos, a
Evadin foi escolhida como o síndico da massa perante sua "postura de independência" no processo, informa o parecer de Colombini. Leo Kryss, dono da Evadin (Mitsubishi), tinha um bom
relacionamento com a rede e era
amigo de longa data da Família
Jacob. Até, porém, a rede deixar
de pagar seus fornecedores, segundo a Folha apurou.
A empresa nega ter qualquer relacionamento, além do comercial,
com a rede e não comentou o processo judicial.
"De parabéns está a Evadin,
mas nesse caso, ela não levará
nem as batatas", diz Tepedino.
(ADRIANA MATTOS e FATIMA FERNANDES)
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