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LUÍS NASSIF
Saídas para a instabilidade
O moderfrota tornou-se
padrão de plano de governo bem-sucedido. Os financiamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), para a compra
de caminhões, permitiram 25%
de aumento na safra, na compra
de insumos. O modelo adotado
foi uma repetição de experiência
ocorrida na era Geisel, quando
se fixou um teto para a correção
monetária dos financiamentos
em 20%. Ao estabelecer o teto,
eliminou-se um fator de risco
para os tomadores, e a economia
respondeu.
Em outros tempos, foram bem-sucedidas experiências de minimização de riscos, como os CCRs
(Convênios de Crédito Recíproco), que estimularam empresas a
buscar novos mercados. Por esses convênios, os BCs dos respectivos países faziam uma conta de
compensação entre exportações
e importações e garantiam os exportadores.
Experiências desse tipo, no entanto, têm esbarrado em uma
resistência muito grande da área
financeira de sucessivos governos, especialmente do Banco
Central, do Tesouro e da Receita.
Após o Moderfrota, o BNDES
propôs um novo programa para
renovar a frota de autônomos,
com juros limitados a 20% ao
ano. Os bancos toparam a proposta, que consiste em financiar
70% do caminhão, com os outros 30% sendo bancados pelo
caminhoneiro com a venda do
caminhão velho.
A taxa Selic está em queda, as
projeções indicam que deverá se
situar abaixo dos 20% no final
do ano. O risco do Tesouro fica
minimizado. Mas não se consegue vencer essa ortodoxia.
Há uma notável falta de discernimento sobre o papel de governo e suas diversas formas de
atuação. A redução da volatilidade, dos fatores de risco externos ao negócio, é elemento essencial para estimular investimentos privados. São dessa natureza
os programas de equalização de
taxas de juros de financiamentos
às exportações, por exemplo.
Agora mesmo há um amplo
programa de construção de novas hidrelétricas sendo pensado.
Havendo tomadores, será possível em quatro anos aumentar a
capacidade do setor elétrico brasileiro de 70 milhões de MWh
para 95 milhões de MWh. Há estudos sobre uma grande hidrelétrica no Xingu e o complexo do
rio Madeira, assim que forem
superados os problemas ambientais e com áreas indígenas.
Mas o investidor quer estabilidade cambial (se for externo),
estabilidade contratual e perspectivas de crescimento -ninguém irá investir em um país
emergente, a não ser se o mercado tiver um potencial de crescimento maior do que nos países
desenvolvidos.
No caso brasileiro, a cada dois
anos explode uma crise cambial,
que arrebenta com as projeções
de retorno dos investidores externos. Depois, a indexação explode com os reajustes contratuais, provocando reação política contra eles.
Enquanto não houver uma
economia minimamente previsível, há que ter imaginação para
pensar em saídas legítimas, visando minimizar os riscos extra-negócio dos empreendimentos.
Lançamento
Os leitores estão convidados
para o lançamento do meu livro
"O Jornalismo dos anos 90",
amanhã, às 11h, na Pinacoteca
do Estado de São Paulo.
E-mail -
Luisnassif@uol.com.br
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