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São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2003

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TRABALHO

Empresa anuncia realocação de funcionários em nova empresa; sindicato vê compromisso rompido e ameaça protestar

Volks dá carta de transferência para 3.933

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Volkswagen mandou carta ontem para 3.933 funcionários excedentes nas unidades de São Bernardo do Campo e de Taubaté (SP), na qual anuncia que a partir de 1º de setembro serão transferidos das duas fábricas. Os trabalhadores reagiram e ameaçam uma onda de protestos a partir da próxima semana.
"A atitude da Volks é absurda e terrorista. Distribuir essas cartas é um ato de quem não quer negociar", diz José Lopez Feijóo, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Os acordos firmados em 2001 garantem estabilidade até fevereiro de 2004 em Taubaté e até novembro de 2006 no ABC.
A transferência não foi feita de forma voluntária, como o vice-presidente de Recursos Humanos, João Rached, havia anunciado na semana passada, diz Feijóo. "A empresa está rompendo compromissos e terá uma resposta à altura dessa atitude."
Em carta distribuída a 2.010 funcionários de Taubaté e 1.923 do ABC, a montadora informa que respeitará "integralmente os contratos e acordos coletivos de trabalho atualmente em vigência". Informa ainda que os empregados serão realocados no Instituto Gente -empresa que ainda não foi criada, mas servirá para capacitar os trabalhadores antes de fazer sua recolocação em outros projetos, como o Autovisão, que estimulará os operários a montar negócios. Segundo a Volks, esse instituto está sendo criado em Taubaté e no ABC e fornecerá treinamento com apoio do Sesi e do Senac, entre outros.
Na prática, a montadora vai reduzir custos, com a extinção dos 3.933 empregos, para recuperar competitividade no mercado e redimensionar sua estrutura no país. Hoje em dia, a empresa usa 64% da capacidade que tem instalada no Brasil. A Folha apurou que a pressão para reduzir custos vem da matriz alemã.

Salários
A montadora informa que salários e benefícios continuarão sendo pagos até vencerem os acordos de estabilidade. Nesse período, a empresa espera realocar os 3.933 funcionários. Caso não optem por uma das alternativas oferecidas (voluntariado, Autovisão e transferência para outra fábrica) dentro do período de estabilidade, serão demitidos ao final dele.
"Depois de 14 anos de serviço, me sinto jogado às traças", diz o operário W.A., um dos primeiros a receber a carta. Na segunda-feira, o sindicato fará assembléia no ABC e devolverá as cartas.


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