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TRABALHO
Empresa anuncia realocação de funcionários em nova empresa; sindicato vê compromisso rompido e ameaça protestar
Volks dá carta de transferência para 3.933
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Volkswagen mandou carta
ontem para 3.933 funcionários
excedentes nas unidades de São
Bernardo do Campo e de Taubaté
(SP), na qual anuncia que a partir
de 1º de setembro serão transferidos das duas fábricas. Os trabalhadores reagiram e ameaçam
uma onda de protestos a partir da
próxima semana.
"A atitude da Volks é absurda e
terrorista. Distribuir essas cartas é
um ato de quem não quer negociar", diz José Lopez Feijóo, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Os acordos firmados
em 2001 garantem estabilidade
até fevereiro de 2004 em Taubaté
e até novembro de 2006 no ABC.
A transferência não foi feita de
forma voluntária, como o vice-presidente de Recursos Humanos, João Rached, havia anunciado na semana passada, diz Feijóo.
"A empresa está rompendo compromissos e terá uma resposta à
altura dessa atitude."
Em carta distribuída a 2.010
funcionários de Taubaté e 1.923
do ABC, a montadora informa
que respeitará "integralmente os
contratos e acordos coletivos de
trabalho atualmente em vigência". Informa ainda que os empregados serão realocados no Instituto Gente -empresa que ainda
não foi criada, mas servirá para
capacitar os trabalhadores antes
de fazer sua recolocação em outros projetos, como o Autovisão,
que estimulará os operários a
montar negócios. Segundo a
Volks, esse instituto está sendo
criado em Taubaté e no ABC e
fornecerá treinamento com apoio
do Sesi e do Senac, entre outros.
Na prática, a montadora vai reduzir custos, com a extinção dos
3.933 empregos, para recuperar
competitividade no mercado e redimensionar sua estrutura no
país. Hoje em dia, a empresa usa
64% da capacidade que tem instalada no Brasil. A Folha apurou
que a pressão para reduzir custos
vem da matriz alemã.
Salários
A montadora informa que salários e benefícios continuarão sendo pagos até vencerem os acordos
de estabilidade. Nesse período, a
empresa espera realocar os 3.933
funcionários. Caso não optem
por uma das alternativas oferecidas (voluntariado, Autovisão e
transferência para outra fábrica)
dentro do período de estabilidade, serão demitidos ao final dele.
"Depois de 14 anos de serviço,
me sinto jogado às traças", diz o
operário W.A., um dos primeiros
a receber a carta. Na segunda-feira, o sindicato fará assembléia no
ABC e devolverá as cartas.
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