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PACOTE
Brasil defende que investimento em estatais deixe de ser considerado déficit
Para FMI, mudar regras é difícil
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O FMI (Fundo Monetário Internacional) não vai se negar a discutir com o Brasil pedidos que o país
tenha em uma eventual nova negociação neste ano, como a mudança defendida por autoridades
brasileiras para que investimentos de empresas estatais deixem
de ser computados como déficit.
A prioridade do Fundo, porém,
será manter sistemas contábeis
uniformes para os países que têm
acordos com a instituição.
Segundo o porta-voz do FMI,
Thomas Dawson, "há décadas"
vários países têm defendido a mudança. "E certamente temos notado que esse tema voltou à tona na
América Latina."
"Não surpreende que essa questão reapareça, pois há muitas pessoas e diferentes visões perfeitamente responsáveis sobre quais
devem ser as prioridades para
gastos e sobre como os diferentes
tipos de gastos devem ser contabilizados", disse Dawson.
Embora também tenha dito que
o Fundo está "disposto a discutir
o tema individualmente", Dawson afirmou que "o importante é
que o processo de acompanhamento contábil entre países seja,
se não idêntico, comparável. Pois
nosso trabalho é assegurar que os
países obtenham uma situação financeira sustentável".
O Brasil e o Fundo estão finalizando a quarta revisão do acordo
em vigor, que dará acesso a um
saque de mais US$ 4,3 bilhões.
O Brasil deverá decidir nos próximos meses se quer firmar um
novo entendimento com o Fundo
a partir de novembro, quando
acaba o acordo atual.
Além dessa mudança, a equipe
econômica brasileira vem defendendo que sejam flexibilizados
mecanismos que impedem municípios superavitários de obter novos empréstimos. As propostas,
hoje proibidas pelo acordo em vigor, permitiriam mais investimentos e gastos do setor público.
Nesta semana, a Folha ouviu de
um outro funcionário do Fundo
que dificilmente as mudanças defendidas pelo Brasil serão adotadas. Na lógica do FMI, a exceção
para o caso brasileiro teria de se
tornar uma regra, por uma questão de isonomia, para todos os
outros países -ponto frisado por
Dawson durante entrevista na sede do Fundo ontem.
Sobre o fechamento de um novo acordo, Dawson disse que "é
uma questão que cabe fundamentalmente ao Brasil resolver. Estamos discutindo o tema (com as
autoridades brasileiras) e vamos
continuar conversando".
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