São Paulo, terça-feira, 01 de agosto de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Capacidade chega ao limite e indústria já prevê reajuste

Sondagem da FGV com empresários aponta que 34% pretendem aumentar preços

Levantamento também mostra mais otimismo do empresariado em relação a novas contratações e a aumento da produção

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O nível de utilização de capacidade da indústria bateu em 84,5% em julho na taxa com ajuste sazonal (livre de influências típicas de cada período) e em 84,9% na série normal -o maior patamar para tal mês do ano desde 1985 e acima da média histórica (81,3%), segundo a Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da FGV (Fundação Getulio Vargas). Em julho de 2005, o indicador com ajuste estava em 84,4%. Em abril, em 83,7%.
Ao mesmo tempo em que a oferta dá sinais de estreitamento, mais empresários pretendem reajustar preços: o percentual dos que querem aumentos passou de 27% em julho de 2005 para 34% em julho deste ano, enquanto o dos que imaginam reduzir suas tabelas baixou de 19% para 10%.
Segundo especialistas, esses dois dados conjugados podem acender o alerta do Banco Central, que na última ata do Copom já sinalizou preocupação com os níveis de consumo e as restrições em elevar a oferta a fim de não pressionar preços.
"A idéia de que a pode haver pressão de preços se a economia continuar a crescer está tanto na cabeça de analistas como na do próprio BC, quando a capacidade perto do limite", disse Luiz Roberto Cunha, economista da PUC-Rio.

Margens de lucro
O coordenador de análises econômicas da FGV, Aloísio Campelo, afirmou que há a intenção por parte das empresas de recompor margens de lucro, o que está por trás das pretensões de reajustes de preços.
Para o economista, porém, os aumentos estão dentro "da normalidade" e o percentual de firmas que querem reajustar suas tabelas ainda não é preocupante. "Com a economia crescendo, é natural que mais empresas queiram reajustar preços. Mas, por enquanto, não há preocupação muito grande."
Para este ano, Cunha estima que o IPCA deva fechar perto de 3,5% caso não haja reajuste dos combustíveis. Com maior crescimento em 2007, o índice tende a se aproximar de 5% no ano que vem, diz, já que não haverá uma combinação de câmbio favorável e preços de alimentos em queda neste ano.
Campelo afirmou ainda que os dados mostram que a maior parte dos ramos está com estoques ajustados, o que também aponta para uma tendência de redução da oferta e conseqüente elevação de preços.
Na avaliação do economista Carlos Thadeu de Freitas Filho, do Grupo de Conjuntura da UFRJ, o BC está de "olho" no aumento da utilização da capacidade e sabe das pretensões de industriais de elevarem seus preços, já que o aumento dos custos com insumos não está sendo repassado, comprimindo margens de lucro.
Freitas não crê, entretanto, em fortes repasses ao consumidor no final neste ano. "Eles só ocorrerão se o crescimento da economia se intensificar, o que deve acontecer no quarto trimestre deste ano ou em 2007."

Expectativas em alta
A boa notícia da sondagem é que as expectativas de empresários apontam para um terceiro trimestre e um segundo semestre de maior aquecimento. Mais empresários prevêem alta do nível de emprego da indústria -de 24% em julho de 2005 para 26% em julho deste ano.
Já o percentual de empresários que previam uma situação melhor do seus negócio nos seis meses seguintes à pesquisa cresceu de 44% no segundo semestre de 2005 para 54%.


Texto Anterior: Mercado aberto
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.