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Capacidade chega ao limite e indústria já prevê reajuste
Sondagem da FGV com empresários aponta que 34% pretendem aumentar preços
Levantamento também mostra mais otimismo do empresariado em relação
a novas contratações e a aumento da produção
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O nível de utilização de capacidade da indústria bateu em
84,5% em julho na taxa com
ajuste sazonal (livre de influências típicas de cada período) e
em 84,9% na série normal -o
maior patamar para tal mês do
ano desde 1985 e acima da média histórica (81,3%), segundo a
Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da
FGV (Fundação Getulio Vargas). Em julho de 2005, o indicador com ajuste estava em
84,4%. Em abril, em 83,7%.
Ao mesmo tempo em que a
oferta dá sinais de estreitamento, mais empresários pretendem reajustar preços: o percentual dos que querem aumentos
passou de 27% em julho de
2005 para 34% em julho deste
ano, enquanto o dos que imaginam reduzir suas tabelas baixou de 19% para 10%.
Segundo especialistas, esses
dois dados conjugados podem
acender o alerta do Banco Central, que na última ata do Copom já sinalizou preocupação
com os níveis de consumo e as
restrições em elevar a oferta a
fim de não pressionar preços.
"A idéia de que a pode haver
pressão de preços se a economia continuar a crescer está
tanto na cabeça de analistas como na do próprio BC, quando a
capacidade perto do limite",
disse Luiz Roberto Cunha, economista da PUC-Rio.
Margens de lucro
O coordenador de análises
econômicas da FGV, Aloísio
Campelo, afirmou que há a intenção por parte das empresas
de recompor margens de lucro,
o que está por trás das pretensões de reajustes de preços.
Para o economista, porém, os
aumentos estão dentro "da
normalidade" e o percentual de
firmas que querem reajustar
suas tabelas ainda não é preocupante. "Com a economia
crescendo, é natural que mais
empresas queiram reajustar
preços. Mas, por enquanto, não
há preocupação muito grande."
Para este ano, Cunha estima
que o IPCA deva fechar perto
de 3,5% caso não haja reajuste
dos combustíveis. Com maior
crescimento em 2007, o índice
tende a se aproximar de 5% no
ano que vem, diz, já que não haverá uma combinação de câmbio favorável e preços de alimentos em queda neste ano.
Campelo afirmou ainda que
os dados mostram que a maior
parte dos ramos está com estoques ajustados, o que também
aponta para uma tendência de
redução da oferta e conseqüente elevação de preços.
Na avaliação do economista
Carlos Thadeu de Freitas Filho,
do Grupo de Conjuntura da
UFRJ, o BC está de "olho" no
aumento da utilização da capacidade e sabe das pretensões de
industriais de elevarem seus
preços, já que o aumento dos
custos com insumos não está
sendo repassado, comprimindo margens de lucro.
Freitas não crê, entretanto,
em fortes repasses ao consumidor no final neste ano. "Eles só
ocorrerão se o crescimento da
economia se intensificar, o que
deve acontecer no quarto trimestre deste ano ou em 2007."
Expectativas em alta
A boa notícia da sondagem é
que as expectativas de empresários apontam para um terceiro trimestre e um segundo semestre de maior aquecimento.
Mais empresários prevêem alta
do nível de emprego da indústria -de 24% em julho de 2005
para 26% em julho deste ano.
Já o percentual de empresários que previam uma situação
melhor do seus negócio nos seis
meses seguintes à pesquisa
cresceu de 44% no segundo semestre de 2005 para 54%.
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