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Rachid foi notificado em caso de multa contra a OAS; ele nega
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dos pontos decisivos que
levaram o ministro Guido
Mantega a demitir Jorge Rachid do cargo de secretário da
Receita foi seu envolvimento
no chamado escândalo dos "anfíbios" -o qual sempre negou.
Nesse contexto, uma investigação contra Rachid parada na
Procuradoria Geral da Fazenda
Nacional havia dois anos e
prestes a prescrever serviu como catalisador para o ministro
mudar o comando do fisco.
Em julho de 2003, o então
corregedor-geral da Receita
Federal, Moacir Leão, abriu
dois procedimentos para investigar um auto de infração contra a OAS lavrado em 1994.
A multa contra a construtora
caiu de R$ 1,1 bilhão para R$ 25
milhões. Na equipe de fiscais,
estava Rachid. Na defesa da
empresa, os auditores então licenciados Paulo Baltazar Carneiro e Sandro Martins Silva.
Conhecidos como "anfíbios",
os dois foram demitidos por
Mantega em maio por improbidade administrativa decorrente de conflito de interesse -ora
trabalhavam para a Receita, ora
para a iniciativa privada contra
o fisco, daí o apelido.
A primeira investigação de
Leão foi para apurar suposto
enriquecimento ilícito de Carneiro e Silva. A outra, segundo a
Corregedoria, por indícios de
que a ação contra a OAS teria sido deliberadamente inflada pelo grupo de Rachid para permitir que os "anfíbios" lucrassem
com a derrubada da multa.
Carneiro e Silva, como consultores da OAS, ganharam
mais de R$ 18 milhões no caso.
Anos mais tarde, ao assumir a
chefia da Receita, Rachid alçou
Silva a seu assessor especial.
Em junho de 2005, o ex-ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda) decidiu tirar Leão da
Corregedoria. Em fevereiro, o
substituto de Leão, Marcos
Mello -auditor afinado com
Rachid-, declarou-se impedido de investigar o secretário.
Em junho, Mello encaminhou
o caso ao ministro Mantega,
que o repassou à Procuradoria
da Fazenda. Só no mês passado,
após mais de dois anos, a Procuradoria enviou ao ministro o
parecer, que teria pontos favoráveis a Rachid. No entanto, segundo a Folha apurou, o ministro não estaria disposto a arquivar a investigação. Dessa
forma, não teria condições de
manter Rachid no cargo e autorizar a reabertura do caso.
Assim, teve mais um motivo
para trocar o comando do fisco,
o que esvazia a importância da
decisão de engavetar a ação.
O desgaste de Rachid se
aprofundou em fevereiro de
2006, quando a comissão de inquérito da Corregedoria o notificou no caso OAS. Ele, então,
passou a ser acusado formalmente. Uma semana depois da
notificação, a Corregedoria
afastou os três integrantes da
comissão de inquérito. Pouco
tempo depois, a Corregedoria
abriu cinco procedimentos de
inquérito contra o ex-presidente da comissão que investigava Rachid. Em abril, Rachid
virou réu num processo de improbidade administrativa acusado pelo Ministério Público
Federal de obstruir a investigação da Corregedoria no caso.
Neste ano, os integrantes da
ex-comissão de inquérito que
investigava Rachid foram inocentados no último dos cinco
processos, após terem provado,
em todos os casos, que não cometeram irregularidades durante os trabalhos.
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